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Subir juro antes reduz ciclo de alta, afirma BC
Taxa também sobe menos com "ações preventivas"
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Países que subiram juros antes da disparada da inflação
precisaram elevar menos as taxas e ainda puderam começar a
reduzir os juros mais rapidamente que aqueles que reagiram tardiamente à subida de
preços. Esse recado está num
estudo anexado ao relatório de
inflação divulgado pelo Banco
Central em abril.
Além de se defender das acusações de conservadorismo, o
trabalho também dá uma pista
do que os diretores pensam sobre a próxima disputa no governo: a velocidade com que a
inflação deve convergir para os
4,5%, definidos como centro da
meta para inflação.
Para dimensionar as vantagens do que o BC chamou na
ata do Copom de abril como aumento "preventivo" das taxas
de juros, o banco analisou 50 ciclos de elevações nos juros,
sendo que em 22 deles os bancos centrais começaram a subir
os juros antes de a inflação nos
seis meses anteriores à decisão
ultrapassar o centro da meta.
Esses casos foram considerados como "ações preventivas".
Em outros 28 exemplos, os
bancos centrais reagiram depois que a inflação média já havia se desviado do centro das
metas. Foram incluídas experiências de Nova Zelândia, Chile, Israel, Suíça, Tailândia, Turquia e Guatemala, entre outros.
A conclusão a que o BC chegou é que o aumento de juros
durou 17,3 meses, em média, no
caso das políticas monetárias
preventivas, e 21,5 meses quando os bancos centrais reagiram
mais tarde. Os juros acumulados no período de aperto monetário também foram mais favoráveis aos BCs que agiram
mais cedo: 68,6% contra 91,8%.
Por último, a produção industrial nos casos analisados se
manteve positiva quando os juros subiram mais cedo, mas registraram pequena queda nos
países que demoraram mais a
iniciar o ciclo de alta da taxa.
"Ciclos contracionistas preventivos são relativamente
mais curtos, mais brandos,
mais eficazes e menos custosos
do que os reativos. [...] Ações de
política monetária preventivas
parecem ser mais eficazes no
sentido de reduzir a inflação,
bem como implicam menores
custos em termos de atividade", explica o BC no relatório.
Outra observação diz respeito ao controle de pressões inflacionárias que têm origem no
excesso de demanda.
Nesses casos, o documento
diz que os aumentos de preços
"tendem a ser mais facilmente
controlados no estágio inicial,
antes de contaminar as expectativas dos agentes e as decisões de preços e salários de forma persistente".
Na quinta-feira passada, o
presidente do BC, Henrique
Meirelles, disse que perseguirá
o centro da meta de inflação
(4,5%) no ano que vem. Por enquanto, com os índices de inflação apontando para o teto fixado pelo governo (6,5%), Meirelles parece ter respaldo político
para implementar sua política
preventiva e menos custosa.
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