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EUA socorrem empresas de hipotecas
Plano anunciado ontem prevê ajuda financeira a Fannie Mae e Freddie Mac e que o governo possa comprar suas ações
Empresas, que possuem
ou garantem metade das hipotecas do país, poderão tomar emprestado dinheiro do Fed a juros mais baixos
STEPHEN LABATON
DO "NEW YORK TIMES'
Alarmado com o acentuado
desgaste de confiança nas duas
maiores empresas de crédito
hipotecário dos EUA, o governo
Bush pediu ontem ao Congresso para aprovar um pacote de
socorro que lhe autorizará a
comprar bilhões de dólares em
ações da Fannie Mae e da Freddie Mac e também emprestar
às companhias para suprir suas
necessidades de financiamento
em curto prazo.
Segundo o plano, anunciado
ontem pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, após um
fim de semana de discussões
com outras autoridades sobre a
crise, as duas empresas poderão tomar dinheiro emprestado com taxa de juros mais baixas do Fed (o BC dos EUA).
Mais amplo que o esperado
por analistas, o anúncio ocorreu antes da abertura dos mercados asiáticos, em tentativa de
reduzir perdas das empresas e
do mercado em razão das preocupações com os resultados das
empresas hipotecárias e, conseqüentemente, com a estabilidade da economia em geral.
O plano pede que o Congresso dê ao governo autorização
nos próximos dois anos para
comprar uma quantidade não-especificada de ações das duas
companhias. No período, o plano permitiria que as duas companhias tenham maior acesso a
recursos do Tesouro, expandindo suas linhas de crédito.
Cada companhia tem hoje
uma linha de crédito de US$
2,25 bilhões, definida quase 40
anos atrás pelo Congresso. Na
época, a Fannie tinha cerca de
US$ 15 bilhões em dívidas a pagar. Hoje tem uma dívida total
de aproximadamente US$ 800
bilhões, enquanto a Freddie deve cerca de US$ 740 bilhões.
Hoje as duas companhias
também detêm ou garantem
hipotecas avaliadas em mais de
US$ 5 trilhões no país.
Como parte do plano, o governo também pedirá que o
Congresso aumente o limite da
dívida nacional. E que o Congresso dê ao Fed participação
na definição de regras sobre o
tamanho das reservas de capital que cada empresa deve ter.
Recado ao mercado
Dar ao Fed um papel de consultor na supervisão das companhias é visto como mais uma
maneira de tranqüilizar os
mercados nervosos.
O governo Bush espera que o
Congresso aprove rapidamente
o novo plano, como parte da
medida para ajudar o mercado
habitacional e reformular as
normas de Fannie Mae e Freddie Mac. Na sexta, o Senado
aprovou a medida, e a Câmara
espera discuti-la nesta semana.
O anúncio do plano no início
da noite de ontem teve a intenção de enviar um forte sinal aos
mercados de que o governo
apóia as duas empresas.
Durante o fim de semana, autoridades graduadas do Tesouro e do Federal Reserve monitoraram de perto os preparativos para que a Freddie Mac levantasse dinheiro para ajudar
suas necessidades de fundos
em curto prazo. Autoridades
passaram o sábado e o domingo
sendo informadas sobre o apetite de Wall Street por uma
oferta de dívida de US$ 3 bilhões pela Freddie Mac que estava marcada para hoje.
As autoridades disseram estar observando para avaliar se
as fortes quedas das ações das
duas empresas na semana passada poderiam contagiar o
mercado de dívida e minar a
confiança dos credores.
A Fannie Mae e a Freddie
Mac tornaram-se centrais para
os mercados de habitação do
país. Elas compram hipotecas
de bancos e outros credores, seguram algumas delas e vendem
outras na forma de títulos lastreados por hipotecas. Juntas,
elas possuem ou garantem cerca da metade das hipotecas dos
Estados Unidos.
Nos últimos meses, as ações
das duas companhias despencaram quando uma onda de
execuções de hipotecas erodiu
a confiança nas mesmas.
Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES
Com o "Financial Times"
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