|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
análise
Pré-sal tem peso político para Dilma e Lula
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Além dos argumentos técnicos e econômicos que o governo sustenta no debate público para justificar a mudança das regras de exploração de petróleo, um ingrediente político-eleitoral terá
peso na decisão sobre o destino da riqueza dos poços da
camada pré-sal.
O uso social dos recursos
do ouro negro descoberto na
costa brasileira vitaminará
politicamente o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e a
ministra da Casa Civil, Dilma
Rousseff. Lula deixará o poder ao final de 2010, antes da
exploração em larga escala
do pré-sal. Daí a conveniência de ficar com a marca de
padrinho das novas regras
ainda em seu mandato.
A madrinha Dilma fortalecerá a pretensão de disputar
a Presidência em 2010. Para
Lula, Dilma é a melhor candidata para ganhar ou para
perder -em virtude de sua
provável fidelidade no exercício futuro do poder e do
empenho em defender o governo numa fracassada campanha presidencial.
Para quem está fazendo
uma discussão técnica recente, Lula e Dilma usam frases de evidente cunho político quando falam do pré-sal.
Anteontem, o presidente
disse que as riquezas do pré-sal não ficarão "na mão de
meia dúzia de empresas" e
que serão usadas para "resolver definitivamente os problemas da educação". Ontem, Dilma seguiu o chefe.
Afirmou que o país será "capaz de transformar essa riqueza num grande benefício
para a sua população".
Ministros e estrategistas
políticos do PT que apóiam o
projeto presidencial de Dilma vêem uma excelente
oportunidade de discurso
político contra a oposição em
2010. Por ora, Dilma não tem
um bom desempenho nas
pesquisas sobre sucessão. O
governador de São Paulo, o
oposicionista e tucano José
Serra, é o atual líder nos levantamentos. Aliado de Lula,
o ex-ministro e deputado federal Ciro Gomes (PSB) aparece em segundo lugar.
Nas palavras de um auxiliar de Lula, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é a "vitrine" para tornar Dilma conhecida. Já o
pré-sal, diz ele, poderá ser o
"palanque" em 2010. Um estrategista político do PT diz
que Dilma, por ser ex-ministra de Minas e Energia, tem
afinidade técnica com a área
energética. E isso, afirma, facilita a tarefa de Lula de ligá-la "positivamente" ao pré-sal. É o movimento que o
presidente já vem fazendo.
Texto Anterior: Origem: Termo "doença holandesa" surgiu após descoberta de gás Próximo Texto: Vinicius Torres Freire: Notícias da recessão que começa Índice
|