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Setor aéreo pede crédito do governo para formar pilotos
Associação e Fiesp articulam projeto contra déficit de mão-de-obra; mais profissionais vão para outros países
Segundo Sindicato Nacional dos Aeronautas, há cerca
de 600 pilotos brasileiros trabalhando em linhas regulares no exterior
JANAINA LAGE
EM SÃO PAULO
O setor aéreo apresentará ao
ministro da Defesa, Nelson Jobim, em 16 de setembro, uma
proposta de financiamento para a formação de pilotos no
país. O presidente da Abag (Associação Brasileira de Aviação
Geral), Rui Thomaz de Aquino,
afirmou que a associação está
trabalhando em parceria com a
Fiesp em um projeto para tentar equacionar o déficit de
mão-de-obra no setor, que inclui estímulos para a formação
de mecânicos e pilotos.
Segundo a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio, existem
hoje cerca de 600 pilotos brasileiros trabalhando em linhas
regulares no exterior. O número ganhou fôlego após a crise da
Varig, em 2006. Diante da falta
de vagas no mercado brasileiro
à época, muitos pilotos foram
atraídos pelas condições de
trabalho oferecidas por empresas da Ásia e do Oriente Médio.
A saída de profissionais coincidiu com o período de aumento do número de pessoas que
viajam de avião no país. Em
2007, a demanda no mercado
doméstico cresceu 11,9%. No
primeiro semestre deste ano, a
alta ficou em 10,8%.
Custo elevado
Um dos principais problemas do setor é o custo da formação de mão-de-obra. Segundo Luis Guilherme Andrade,
dono da Fly Escola de Aviação,
muitos alunos não conseguem
arcar com as despesas. Para obter as primeiras 150 horas de
vôo, com habilitação para vôo
por instrumento e multimotor,
o custo total é da ordem de R$
40 mil. De acordo com a Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil), a exigência para o cargo
de piloto (comandante) é de
1.500 horas de vôo, mas as empresas podem adotar critérios
ainda mais elevados na seleção
de candidatos.
A agência afirma que o custo
da formação de pilotos em
avião monomotor gira em torno de R$ 7.000 para piloto privado e de R$ 26 mil para piloto
comercial, somente para formação prática, sem considerar
formação teórica e outras despesas.
O Sindicato Nacional dos Aeronautas defende a criação de
uma universidade pública para
a formação de mão-de-obra para o setor.
A Anac tem um projeto piloto
no Rio Grande do Sul, em que
oferece bolsas relativas a 75%
das horas-aula necessárias para
a formação prática de cada licença. Já foram concedidas 112
bolsas e três alunos já se formaram. Existem ainda 23 bolsas
disponíveis.
Caixa
De acordo com Aquino, uma
das alternativas em estudo é
propor que parte dos custos seja financiada com recursos da
Caixa Econômica Federal, mas
ainda não há definição. Outro
ponto em discussão é o apoio a
aeroclubes.
O presidente da Abag destaca
que o Ministério da Defesa tem
realizado reuniões com representantes da aviação regular,
regional e geral. "O principal
objetivo do ministro é fazer
com que Infraero, Decea e Anac
tenham agenda em comum e
falem com o setor, o que não
era comum no passado", disse
Aquino. Segundo ele, muito se
falou sobre a construção de
uma terceira pista no aeroporto de Guarulhos, mas ela não
seria viável.
O presidente da Abag afirmou que o ministro ficou "chateado" durante a última reunião porque a Infraero mencionou um plano diretor para
Congonhas que não havia sido
apresentado a outros órgãos.
Segundo Aquino, o ministro
determinou que qualquer plano seja submetido à apreciação
dos outros órgãos do setor.
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