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Centrais sindicais exigem contrapartidas para negociação
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ao propor a flexibilização do
trabalho sem garantir manutenção de empregos, os empresários vão provocar um estremecimento nas relações com
os trabalhadores, avalia o presidente da CUT (Central Única
dos Trabalhadores), Artur
Henrique. Para ele, a crise fez
levantar no país uma série de
"propostas oportunistas".
"Esse tipo de colocação [de
que mesmo a flexibilização não
garantirá os postos de trabalho]
vai acabar acirrando a resistência de nossos sindicatos ao processo de demissões e colocar a
manutenção de empregos no
centro do debate", afirma.
A CUT defende a limitação
das horas extras e a desoneração da folha de pagamentos,
mas se opõe à Bolsa-Qualificação -suspensão do trabalho
com a realização de um curso
pelo trabalhador- e à redução
de jornada com redução de salários. A central também é contra um acordo genérico, que
possibilite a flexibilização em
todos os setores da economia.
Segundo Artur Henrique, a
generalização dos acordos traria "para a crise empresas que
não foram afetadas". "Não podemos aceitar que a única proposta é que o trabalhador pague
a conta dessa crise."
Para o secretário-geral da
Força Sindical, João Carlos
Gonçalves, o Juruna, as centrais não podem permitir a flexibilização sem uma contrapartida firme por parte dos empresários. "Aí seria ceder demais. Os empresários precisam
nos apresentar garantias."
De acordo com Juruna, a redução da jornada com redução
de salário seria aceitável desde
que houvesse estabilidade pelo
dobro do período. "Assim, se a
redução ocorresse por três meses, o trabalhador teria seis meses de estabilidade", afirma.
Como alternativa às dispensas, a Força e a CGTB negociam
férias e licença remuneradas,
banco de horas e suspensão do
contrato de trabalho. No caso
da flexibilização da jornada, a
condição é que a redução máxima seja de 25% com diminuição de 15% nos salários.
Para o presidente da UGT
(União Geral dos Trabalhadores), Ricardo Patah, ainda há
espaço para garantir empregos.
"Ocorre que as empresas querem a flexibilização de qualquer jeito. Não é só pela crise."
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