|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula espera corte de 0,75 ponto e juros de 10% ao final do ano
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deseja redução de
0,75 ponto percentual na taxa
básica de juros na reunião do
Banco Central na semana que
vem para fixar a Selic.
Segundo a Folha apurou, Lula espera uma sinalização política do BC com um corte mais
agressivo a fim de estimular a
expectativa otimista nos empresários, que já começaram a
demitir para enfrentar a crise.
O presidente gostaria que a
taxa básica de juros terminasse
2009 em 10% ao ano. E gostaria que o Banco Central realizasse a redução para esse patamar de forma mais acelerada
do que a conta-gotas. A última
previsão feita pelo mercado financeiro, segundo pesquisa do
BC, era que a taxa de juros feche o ano em 11,75% anuais.
No final do ano passado, depois de manter a Selic inalterada -sob forte pressão de Lula
pela queda-, o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles, disse ao presidente da
República que em janeiro os juros começariam a cair.
O temor do Palácio do Planalto é que o BC, que tem sido
conservador na política monetária, opte por uma redução a
conta-gotas da Selic, com cortes de 0,25 ponto percentual a
cada reunião.
O Copom (Comitê de Política Monetária) é o órgão do BC
que se reúne a cada 45 dias para fixar a Selic. Nas próximas
terça e quarta-feiras, o Copom
terá o primeiro encontro de
2009. Uma redução conservadora, avalia a cúpula do governo, teria pouco efeito para animar agentes econômicos.
A principal preocupação de
Lula é com uma eventual onda
de desemprego no primeiro trimestre deste ano. Daí a importância política, na visão do Planalto, de uma ação mais agressiva na política monetária.
Apesar de conceder autonomia operacional ao Banco Central, Lula faz pressão nos bastidores. O vazamento dessas
pressões, argumenta o Banco
Central, só reforça o conservadorismo da instituição.
Em dezembro, Lula disse a
Meirelles que ficou muito contrariado com a decisão do BC
de manter a Selic em 13,75% ao
ano. Foi uma queixa mais dura
do que outras já feitas recentemente.
Pressão de Lula
O presidente intensificou a
pressão de bastidores sobre o
BC por avaliar que, sem ela, o
conservadorismo da instituição seria ainda maior. O Banco
Central se recusou a baixar a
Selic por acreditar que poderia
haver pressão inflacionária
com a desvalorização do real
em relação ao dólar.
Para Lula e seus principais
auxiliares, houve um ajuste
cambial que não resultou em
pressão inflacionária. Um ministro diz que existe "pressão
deflacionária" e que a inflação
não é o principal problema da
economia brasileira agora.
Como tem dito publicamente Lula, o governo considera
que o primeiro trimestre deste
ano será o momento mais agudo da crise sobre a chamada
economia real (salários, empregos, produção e consumo).
Nas palavras de um ministro,
acredita-se numa recuperação
a partir do segundo trimestre.
Até lá, haveria aumento da
taxa de desemprego. Para tentar minimizar os efeitos negativos da crise, Lula vai adotar novas medidas econômicas ainda
neste mês. Pretende estimular
os investimentos públicos e estuda a redução de impostos para os setores que empregam
muita mão-de-obra.
Mas o Palácio do Planalto
avalia que é importante uma
mudança na política monetária
porque o quadro macroeconômico mundial também se alterou, para bem pior do que o
imaginado.
Texto Anterior: Taxas recuam pela 1ª vez em sete meses Próximo Texto: Investimentos: Venda de títulos do tesouro direto bate recorde em 2008 Índice
|