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RETOMADA/BALANÇO
Com exportação e melhora nas vendas internas, resultado de 102 companhias no 2º trimestre atinge R$ 103,6 bi
Receita de empresas é a maior da história
ADRIANA MATTOS
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em três meses, de abril a junho,
a receita líquida das empresas no
país atingiu R$ 103,6 bilhões e se
tornou o melhor resultado da história do setor de capital aberto no
Brasil. Até então, o recorde havia
sido registrado no último trimestre do ano passado -com um volume de R$ 97,2 bilhões.
No primeiro semestre, a receita
líquida operacional somou R$
196,7 bilhões -valor recorde para um semestre e equivalente a
13% do PIB nacional.
Os dados fazem parte de levantamento da Folha, com base em
102 balanços financeiros disponíveis. Petrobras e Eletrobrás não
participaram do estudo para não
distorcer a amostra. Existem 287
empresas abertas atualmente no
país -sem considerar as instituições financeiras.
A manutenção de patamares
elevados de venda ao exterior, a
melhora na demanda por mercadorias no mercado interno e a
queda no custo de produção explicam, em parte, esse resultado.
A política de reajustes nos preços
ao mercado -o que evitou perdas nas margens- também ajudou um grupo de companhias.
Na Gerdau, por exemplo, a margem (bruta) passou de 24,4% no
primeiro trimestre para 35,2% no
segundo trimestre. O faturamento com exportações cresceu. Na
área petroquímica, as exportações (em dólares) da Braskem subiram 11% no primeiro semestre
do ano, ante 2003. A margem aumentou em quatro pontos.
Ainda há casos semelhantes no
setor de alimentos, com a Sadia e
a Perdigão, e em papel e celulose.
"No caso do setor de siderurgia,
além de ele ter se beneficiado das
exportações, também houve ganhos no mercado interno, com
demanda mais forte e reajuste de
preços. No segundo semestre, o
setor vai se sair ainda melhor",
afirma Catarina Pedrosa, analista
da Banif Investment Banking.
No estudo da Folha, fizeram
parte apenas os grupos privados
que publicaram os números em
todos os últimos oito trimestres.
Portanto, números de novatas como Natura e Gol, com desempenhos positivos, não foram contabilizados. Os resultados foram deflacionados pelo IGP-DI. Para os
cálculos, os dados foram captados
na consultoria Economática.
Com maiores preços e menores
custos, o lucro foi às alturas. Nos
dados publicados pelos grupos
até a última quarta-feira, o balanço geral mostrava queda no volume total no primeiro semestre sobre 2003. Porém, durante a semana mais empresas apresentaram
resultados, e o lucro foi recorde.
Pelas contas, mais de 30 empresas abertas registraram, ao final
do segundo trimestre deste ano,
um resultado no lucro considerado o maior de sua existência.
"Há ganhos de escala e, portanto, na produtividade. Isso tem impacto direto nos resultados", afirma Alexandrino de Alencar, vice-presidente da Braskem.
Somados esses resultados, verifica-se que o lucro total do setor
privado no primeiro semestre foi
de R$ 12,3 bilhões. O montante
mais próximo, porém ainda menor, foi verificado no mesmo período de 2003 (R$ 11,5 bilhões).
Efeito contábil
Ao ser analisado o segundo trimestre, no entanto, o volume é
menor do que o do mesmo período do ano passado (veja tabela
nesta página). Isso não quer dizer,
necessariamente, que elas lucraram menos. O que há aí é um efeito puramente matemático.
A questão é que o dólar sofreu
uma valorização (de 6,12%) de
abril a junho. Em igual intervalo
de 2003, porém, a moeda caiu
15,2%. Com isso, as dívidas dos
grupos no exterior subiram neste
ano. Esses débitos não foram pagos, pois o vencimento ocorre nos
próximos anos, mas existe um
efeito contábil nos balanços.
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