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Quebradeira faz setor financeiro se retrair
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar dos lucros extraordinários auferidos pelos bancos nos
últimos anos, o PIB (Produto Interno Bruto) das instituições financeiras caiu 0,52% na média
anual de 1992 a 2002. No período,
o indicador acumulou uma retração de 5,75%.
Segundo Erivelto Rodrigues,
presidente da consultoria especializada em bancos Austin Asis, o
fraco desempenho foi resultado
da quebra de muitas instituições
no início do Real e do fato de elas
terem deixado de ganhar o "dinheiro fácil" da época da inflação
galopante.
No período de disparada dos índices de preços, as instituições
captavam a custo zero com os recursos que os clientes mantinham
nas contas correntes e ganhavam
aplicando esse dinheiro no overnight -operação de curtíssimo
prazo que existia na época.
No ano passado, segundo dados
do Banco Central, os bancos brasileiros lucraram R$ 19,1 bilhões,
o que representou um crescimento de 62,5% na comparação com
2001. O aumento foi impulsionado pela alta dos juros e seu impacto positivo sobre a carteira de títulos públicos dos bancos.
PIB sem títulos
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), porém, o PIB dos bancos
não reflete o real ganho do setor. É
que o cálculo não contabiliza
quanto as instituições lucram
com os títulos que mantêm em tesouraria -a maior parte deles remunerada pela taxa de juros, que,
nos últimos anos, foi elevada pelo
Copom (Comitê de Política Monetária) em diversas ocasiões.
Na contabilização do PIB dos
bancos, só são computadas as receitas provenientes das tarifas cobradas pelos serviços (talão de
cheque, transferências, cartões
etc.) e o "spread" -diferença entre a taxa de juro com que o banco
capta recursos e a com que ele
empresta ao tomador de crédito.
No ano passado, essa diferença ficou pouco abaixo de 60%.
De 1992 a 2002, o PIB das instituições financeiras recuou em
cinco anos. Teve quedas seguidas
de 1992 a 1995 -naquele ano,
houve um tombo recorde de
8,09%. No ano seguinte, começou
a crescer, mas voltou a recuar em
1998 (1,23%), ano no qual o setor
foi afetado pelas crises financeiras
da Rússia e dos países asiáticos.
Participação menor
Com a contínua retração de
seus resultados em relação à economia nacional e o fim do ganho
extraordinário decorrente da hiperinflação, o segmento foi perdendo gradativamente importância no cálculo do PIB geral.
Em 1992, as instituições financeiras representavam 25,49% do
PIB. O percentual chegou a
32,76% em 1993. Desde então, só
caiu, atingindo 6,58% em 2001
(último dado disponível).
Para Rodrigues, da Austin Asis,
com a estabilidade da moeda os
bancos tiveram de buscar novas
receitas com a prestação de serviços e profissionalizar a gestão.
Os ganhos obtidos antes com a
hiperinflação, afirma ele, mascaravam deficiências administrativas de muitas instituições.
(PEDRO SOARES)
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