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Empresas já sentem freio no crescimento
Apesar de continuarem crescendo, indústria e varejo começam a registrar redução no ritmo do aumento de vendas
Vendas de carros caem 7,2%
na primeira quinzena de
agosto; fabricantes de
alimentos refazem as
projeções de desempenho
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
O segundo semestre chegou
trazendo a esperada desaceleração nas vendas. Não se trata
de crise ou recessão, como fazem questão de ressaltar empresários e economistas, mas
sim de crescimento em menores proporções do que nos primeiros seis meses de 2008.
As vendas de carros na primeira quinzena de agosto, por
exemplo, caíram 7,2% em relação ao mesmo período de julho,
segundo números do Renavam
(Registro Nacional de Veículos). Comparadas à primeira
quinzena de agosto de 2007, no
entanto, seguem em alta de
11%. Menor do que a alta de
30,4% do primeiro semestre,
mas ainda de acordo com a previsão de alta de 24% no ano.
"Ainda não é possível analisar as vendas de agosto, mas já
esperávamos queda", diz Jackson Scheneider, presidente da
Anfavea (Associação dos Fabricantes de Veículos). "Para nossa indústria, é até bom crescer
num ritmo mais cadenciado
porque é difícil dar respostas
imediatas a saltos de consumo
numa cadeia tão complexa."
Pressionados pelas altas nas
matérias-primas, os fabricantes de alimentos também acreditam que, com o poder de consumo reduzido pela inflação e
pela alta na taxa de juros, o consumidor gastará menos agora.
"O segundo semestre será
mais difícil", afirma Ivan Zurita, presidente da Nestlé. Segundo ele, apesar de a empresa ter
crescido 7% entre janeiro e julho, o percentual não deverá se
manter até o fim do ano.
"O consumidor que se endividou com a prestação do carro
e do apartamento não esperava
a alta da inflação", diz Cesar
Fukushima, economista-chefe
da consultoria GSMD. "Com o
comprometimento da renda, o
poder de compra cai."
Com o crescimento menor
das vendas de alimentos, brinquedos e supérfluos, os supermercados refletiram esse desempenho. Segundo o IBGE, as
vendas de super e hipermercados, que tinham crescido por
volta de 8,5% ao mês em média
entre janeiro e maio (com exceção de abril, pelo fato de a Páscoa ter caído em março), subiram apenas 1,3% em junho,
comparado ao mesmo mês de
2007 (veja quadro à pág. B4).
Apesar de ainda trabalhar
com a expectativa de crescer
15% em volume, traçada no início do ano, a Perdigão também
começa a refazer as contas.
"Ainda não temos os números fechados, mas o crescimento deve ser pouco menor do que
esperávamos inicialmente",
afirma Leopoldo Saboya, diretor de Finanças e Relações com
Investidores da Perdigão.
Para Júlio Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto
de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), a indústria
de alimentos processados, que
conseguiu segurar os aumentos
de preços, deverá repassá-los
agora, mesmo com a recente
queda nas commodities.
Segundo Saboya, a Perdigão,
que aumentou preços em 8%
no primeiro semestre, em relação a mesmo período de 2007,
ainda os tem 5% defasados em
relação ao crescimento nos
custos das matérias-primas. "É
natural os volumes de vendas
caírem quando há reajustes,
mas preferimos abrir mão do
crescimento em volumes para
garantir a rentabilidade."
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