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China se desacelera e ameaça avanço global
Economia diminui o ritmo já antes do início da Olimpíada, com expansão menor das exportações e queda nos pedidos das fábricas
Desaceleração chinesa é um dos motivos do recuo nos preços da gasolina nos EUA e da queda na cotação de metais como cobre e zinco
DO "NEW YORK TIMES"
Muitos chineses vinham esperando por uma desaceleração na economia depois da
Olimpíada de Pequim, mas ela
já começou, antes mesmo da
abertura oficial dos Jogos.
As fábricas chinesas reportaram queda nos pedidos em julho. As exportações mal cresceram. O mercado de imóveis está enfraquecido, com queda
nos preços na região sudeste da
China, a mais prejudicada pelos
problemas econômicos. E essas
tendências estão se fazendo
sentir em todo o mundo.
A coincidência entre o momento de desaceleração e o início da Olimpíada parece acidental. Pequim responde por
pouco mais de 1% dos moradores da China e por menos de 5%
da produção econômica. Assim,
mesmo os pesados gastos realizados em razão dos Jogos provavelmente não tiveram grande influência em termos de
promoção de crescimento adicional nos últimos meses ou redução do avanço agora que o
boom de construção terminou.
A desaceleração da China é
um dos motivos para que os
preços da gasolina tenham caído nos EUA, por exemplo. De
maneira semelhante, os preços
mundiais de metais como cobre, estanho, zinco e alumínio
despencaram nas últimas semanas devido ao fechamento
de vorazes fábricas chinesas ou
aos cortes no consumo de matérias-primas pelo país.
Mas embora as dificuldades
chinesas possam vir a reduzir
as pressões inflacionárias em
todo o mundo, elas ameaçam
desacelerar ainda mais o já tênue ritmo do avanço global.
"A China já se desacelerou
consideravelmente, mas passará por desaceleração ainda
maior", disse Hong Liang, do
banco Goldman Sachs. Os economistas esperam que a expansão caia abaixo de seu ritmo recente de 11% ou mais ao ano para cerca de 9% a 9,5% em 2009.
É um ritmo que causaria inveja a quase todos os países.
Mas um crescimento da ordem
de 9% tornará muito mais difícil fornecer empregos aos milhões de chineses que estão se
mudando das áreas rurais para
as cidades em busca de emprego. Como as autoridades administrarão essa economia desacelerada e que efeito isso terá
sobre o 1,3 bilhão de chineses
será um teste para o governo. E
a administração parece estar
reagindo rapidamente.
Tendo adotado uma série de
medidas de contenção do superaquecimento econômico nos
últimos cinco anos para manter
a inflação sob controle, as autoridades agora estão removendo
alguns dos obstáculos a fim de
impedir que o crescimento se
desacelere em excesso.
Por exemplo, depois de permitir que o yuan subisse consideravelmente ante o dólar no
primeiro semestre, o BC da
China fez com que ele caísse
nos últimos dias. Isso ajuda a
preservar a competitividade
das exportações chinesas nos
mercados estrangeiros, ainda
que possa irritar os EUA e outros parceiros comerciais.
A fraca demanda dos EUA no
ano passado, que agora se estendeu também à Europa, é
parte dos problemas emergentes da China. A questão mais séria para a economia chinesa são
os sinais de que o mercado imobiliário começa a enfrentar dificuldades, depois de anos de
alta de preços que levaram a
alertas quanto à possibilidade
de uma bolha imobiliária.
Min Hwa, corretor de imóveis em Shenzhen, uma cidade
de pelo menos 12 milhões de
habitantes, perto de Hong
Kong, disse que os preços dos
imóveis residenciais caíram
10% ao longo dos últimos 12
meses nos bairros desejáveis
(perto do centro da cidade) e
que sofreram um desastroso
mergulho de até 40% nas periferias. "Temos visto número
menor de potenciais compradores, nos últimos meses."
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