São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2008

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China se desacelera e ameaça avanço global

Economia diminui o ritmo já antes do início da Olimpíada, com expansão menor das exportações e queda nos pedidos das fábricas

Desaceleração chinesa é um dos motivos do recuo nos preços da gasolina nos EUA e da queda na cotação de metais como cobre e zinco


DO "NEW YORK TIMES"

Muitos chineses vinham esperando por uma desaceleração na economia depois da Olimpíada de Pequim, mas ela já começou, antes mesmo da abertura oficial dos Jogos.
As fábricas chinesas reportaram queda nos pedidos em julho. As exportações mal cresceram. O mercado de imóveis está enfraquecido, com queda nos preços na região sudeste da China, a mais prejudicada pelos problemas econômicos. E essas tendências estão se fazendo sentir em todo o mundo.

A coincidência entre o momento de desaceleração e o início da Olimpíada parece acidental. Pequim responde por pouco mais de 1% dos moradores da China e por menos de 5% da produção econômica. Assim, mesmo os pesados gastos realizados em razão dos Jogos provavelmente não tiveram grande influência em termos de promoção de crescimento adicional nos últimos meses ou redução do avanço agora que o boom de construção terminou.
A desaceleração da China é um dos motivos para que os preços da gasolina tenham caído nos EUA, por exemplo. De maneira semelhante, os preços mundiais de metais como cobre, estanho, zinco e alumínio despencaram nas últimas semanas devido ao fechamento de vorazes fábricas chinesas ou aos cortes no consumo de matérias-primas pelo país.
Mas embora as dificuldades chinesas possam vir a reduzir as pressões inflacionárias em todo o mundo, elas ameaçam desacelerar ainda mais o já tênue ritmo do avanço global.
"A China já se desacelerou consideravelmente, mas passará por desaceleração ainda maior", disse Hong Liang, do banco Goldman Sachs. Os economistas esperam que a expansão caia abaixo de seu ritmo recente de 11% ou mais ao ano para cerca de 9% a 9,5% em 2009.
É um ritmo que causaria inveja a quase todos os países. Mas um crescimento da ordem de 9% tornará muito mais difícil fornecer empregos aos milhões de chineses que estão se mudando das áreas rurais para as cidades em busca de emprego. Como as autoridades administrarão essa economia desacelerada e que efeito isso terá sobre o 1,3 bilhão de chineses será um teste para o governo. E a administração parece estar reagindo rapidamente.

Tendo adotado uma série de medidas de contenção do superaquecimento econômico nos últimos cinco anos para manter a inflação sob controle, as autoridades agora estão removendo alguns dos obstáculos a fim de impedir que o crescimento se desacelere em excesso.
Por exemplo, depois de permitir que o yuan subisse consideravelmente ante o dólar no primeiro semestre, o BC da China fez com que ele caísse nos últimos dias. Isso ajuda a preservar a competitividade das exportações chinesas nos mercados estrangeiros, ainda que possa irritar os EUA e outros parceiros comerciais.

A fraca demanda dos EUA no ano passado, que agora se estendeu também à Europa, é parte dos problemas emergentes da China. A questão mais séria para a economia chinesa são os sinais de que o mercado imobiliário começa a enfrentar dificuldades, depois de anos de alta de preços que levaram a alertas quanto à possibilidade de uma bolha imobiliária.
Min Hwa, corretor de imóveis em Shenzhen, uma cidade de pelo menos 12 milhões de habitantes, perto de Hong Kong, disse que os preços dos imóveis residenciais caíram 10% ao longo dos últimos 12 meses nos bairros desejáveis (perto do centro da cidade) e que sofreram um desastroso mergulho de até 40% nas periferias. "Temos visto número menor de potenciais compradores, nos últimos meses."


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