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Irmão de Bush defende agronegócio da Flórida
DO COLUNISTA DA FOLHA
Miami, a mais conhecida cidade da Flórida, será a sede de uma
discussão sobre livre comércio,
mas o governador do Estado, Jeb
Bush, irmão do presidente da República, não se acanha em afirmar
que irá "proteger as indústrias
agrícolas do Estado, sem nenhuma vergonha".
Bush fez a promessa em recente
discurso para a Associação de
Produtores de Frutas e Legumes
da Flórida, uma das entidades
agrícolas que comandam uma
ofensiva, também sem nenhum
pudor, contra a eventual quebra
do protecionismo agrícola norte-americano.
Dois são os setores que mais se
mobilizaram: produtores de açúcar e de cítricos, exatamente os
itens em que os brasileiros são extremamente competitivos. Os citricultores do Brasil produzem laranja a US$ 0,33 a libra, contra
US$ 0,72 nos EUA.
De acordo com os produtores
da Flórida, as duas áreas, combinadas, respondem por mais de
100 mil empregos e têm um impacto econômico de algo em torno de US$ 12 bilhões. Fica fácil entender a dificuldade de abrir o
mercado nessa área sensível.
Ainda mais quando, aos empresários, se une o setor sindical para
protestar contra o que considera
roubo de empregos pelos países
menos desenvolvidos.
"Mais de três milhões de empregos domésticos na indústria foram perdidos nos últimos três
anos", diz Fred Frost, presidente,
no sul da Flórida, da AFL-CIO, a
poderosa central sindical norte-americana que diz representar 13
milhões de trabalhadores. A AFL-CIO estará na linha da frente das
manifestações contra a Alca que
tendem a transformar Miami em
um inferno.
Antiglobais
Confluirão para a cidade todos
os grupos que são contra o que
consideram globalização a serviço das grandes corporações, depreciativamente chamados de
"globalifóbicos" por seus críticos.
Eles próprios preferem a designação de "alter-mundialistas",
porque defendem a idéia de que
"outro mundo é possível", o slogan lançado para marcar as reuniões do Fórum Social Mundial.
Toda vez que há essa confluência, as autoridades norte-americanas temem a repetição dos incidentes que ocorreram durante a
Conferência Ministerial da OMC
(Organização Mundial do Comércio), e Seattle (EUA), em 1999,
o primeiro grande ato contra a
globalização.
Por isso, há uma disputa para
ver quem ganha primeiro as ruas.
O esquema oficial prevê, como
vem sendo hábito, o total isolamento dos dois QGs das autoridades envolvidas na Alca, os hotéis
Intercontinental (reunião ministerial) e Hyatt Regency (reunião
empresarial), ambos no centro de
Miami.
O governo da Flórida já conseguiu financiamento federal de
US$ 8,5 milhões só para a segurança do evento, muito mais do
que o custo (estimados US$ 3,6
milhões) com todos os outros
itens necessários para organizar a
conferência.
(CR)
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