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Indústria de ponta perde espaço no país
Participação na produção total de setores mais sofisticados encolheu 16% nos últimos dez anos; indústria básica cresceu
Tendência é agravada pela
valorização do real, que
estimula a produção e a
exportação de commodities
e a importação de bens
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria brasileira mais
sofisticada e de maior intensidade tecnológica encolheu 16%
nos últimos dez anos, enquanto
a mais básica aumentou sua
participação em 9%.
Hoje, cerca de 70% da indústria está concentrada em produtos de "baixa" ou "média-baixa" tecnologia. Já a participação dos produtos mais sofisticados diminuiu de 36% para
30% no total da produção.
A tendência é agravada nos
últimos anos com o real valorizado. Ele estimula a produção e
a exportação de commodities e
de outros produtos básicos e favorece a importação de produtos acabados mais elaborados.
Segundo dados do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o encolhimento da indústria mais sofisticada atinge setores como informática, máquinas e equipamentos, produtos químicos e
de material eletrônico -a participação desse último diminuiu 43% em dez anos.
No primeiro quadrimestre
do ano, com mais importados
nesse setor, o déficit comercial
na área de eletrônicos atingiu
US$ 4 bilhões -salto de 27%
sobre janeiro-abril de 2006.
Na contramão, foram os setores com intensidade tecnológica "média-baixa" (metalurgia
básica, papel e celulose, petróleo etc.) os que mais aumentaram a sua participação na indústria nos últimos dez anos
-de 29,6% do total para 39,2%.
Ganharam terreno justamente algumas áreas de menor
valor agregado e que geralmente pagam salários mais baixos.
No campo das commodities,
a indústria extrativa mineral
dobrou sua participação no total da indústria em dez anos. O
mesmo ocorreu com o setor de
petróleo, coque e combustíveis.
No resultado do PIB divulgado na semana passada, enquanto a indústria de transformação
(de manufaturados e geralmente mais sofisticada) cresceu apenas 2,8% no primeiro
trimestre de 2007, a extrativa
mineral avançou 4,1%.
Menos tecnologia
Já a participação dos setores
de "alta" tecnologia no total da
indústria encolheu de 4,9% para 4,1% nos últimos dez anos. E
a dos de tecnologia "média-alta", de 31,1% para 26,2%.
Os dados do IBGE, com base
na Pesquisa Industrial Anual,
foram adaptados à metodologia
da OCDE (Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para classificar
os setores por intensidade tecnológica.
"Certamente há setores que
perderam participação. Há
crescimentos distintos, mas a
indústria como um todo cresceu", diz Sílvio Sales, coordenador de indústria do IBGE.
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