São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2008

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Inflação dos EUA tem maior alta em 3 anos

Aumento de 1,1%, puxado pelos preços de energia, só é inferior ao da época da passagem do furacão Katrina, em 2005

Ben Bernanke, presidente do banco central americano, afirma que inflação está "muito alta"; entidade pode elevar taxa de juros

DA REDAÇÃO

A inflação ao consumidor norte-americano teve no mês passado a sua maior alta em praticamente três anos, puxada especialmente pelo aumento nos preços do petróleo. O CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) subiu 1,1% em junho em relação ao mês anterior, a maior elevação desde setembro de 2005, na época da passagem do furacão Katrina pelos EUA, e a segunda maior em 26 anos.
O aumento da inflação é, ao lado da crise no mercado imobiliário e da elevação do desemprego, um sinal dos problemas econômicos vividos pelos norte-americanos. A alta nos preços significa que as famílias precisam consumir menos com os mesmos salários, o que pode desacelerar a principal economia mundial. Os gastos dos consumidores representam aproximadamente 70% do PIB dos Estados Unidos.
A alta de junho foi quase o dobro da do mês anterior, quando o índice se expandiu em 0,6%. O aumento foi provocado principalmente pela elevação nos preços de energia, que subiram 6,6% no mês passado. O segmento de transportes, também prejudicado pelos preços dos combustíveis, teve alta de 3,8%. No mês passado, o preço do barril de petróleo superou pela primeira vez a barreira dos US$ 140.
O núcleo do índice, que exclui os preços de alimentos e energia (considerados mais voláteis), subiu 0,3% no mês passado, superando a expectativa de analistas e atingindo o seu maior nível desde janeiro deste ano. Nos 12 meses encerrados em junho, o CPI teve aumento de 4,9%, a maior alta desde maio de 1991. Nesse período, os preços de energia subiram 53,6%. Já os dos alimentos se expandiram em 8,5%.
O presidente do Fed (o banco central dos EUA, que tem como uma das suas tarefas o controle dos preços), Ben Bernanke, disse ontem no Congresso que a inflação está "muito alta" e que a principal prioridade da entidade é comandar uma política que leve a taxa a níveis aceitáveis. Segundo a ata da mais recente reunião do Fed, no mês passado, os integrantes do BC americano se preocupam com a inflação. A próxima mudança na política do órgão pode ser um aumento na taxa de juros.
Na reunião de junho, o Fed encerrou um ciclo de sete cortes consecutivos na taxa de juros, iniciado em setembro do ano passado, que a levou de 5,25% para 2%.
Taxa de inflação de pelo menos 1% tem sido rara nos EUA nos últimos anos. Antes do furacão Katrina, que prejudicou a extração de petróleo no golfo do México, a última vez que o CPI aumentou ao menos 1% foi em janeiro de 1990. Nos últimos 60 anos, o maior aumento da inflação norte-americana foi de 1,8%, que ocorreu duas vezes, em 1951 e 1973.


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