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País ganha escala em celulares, mas
maioria das peças ainda vem de fora
DA REPORTAGEM LOCAL
A fabricação de celulares no
Brasil serve de parâmetro do quão
complexo será promover substituição de importações ou, como
pretende o governo, transformar
o país em uma base exportadora
em alguns setores.
De janeiro a setembro, segundo
a Secex, o país exportou US$ 1,317
bilhão em aparelhos transmissores ou receptores (grupo do qual
fazem parte os celulares), uma alta de 6,55% sobre o volume vendido no ano passado.
Na prática, as fábricas aqui instaladas são ""montadoras" de celulares, como denomina Humberto Cagno, diretor de comunicações móveis da Siemens, empresa que investiu R$ 90 milhões
desde o segundo semestre de 2001
para produzir aparelhos no país.
De forma geral, um aparelho de
celular é composto de parte externa e interna plásticas, placa (onde
estão instalados os circuitos eletrônicos), visor, teclado e bateria.
Destes, apenas para a parte plástica há no mercado nacional empresas com tecnologia para produzi-la. Dos acessórios, somente
o carregador é nacional.
""Essa é uma indústria de alta
tecnologia e de escala. Só compensa para uma multinacional
instalar unidade local se houver
demanda grande", diz Cagno.
""Quando se fala em investimento
para uma fábrica de chips estamos lidando com cifras acima de
US$ 1 bilhão", argumenta.
De acordo com números da
Anatel, até abril deste ano havia
no país 28,7 milhões de usuários
de celulares. Neste ano, estimam
as empresas, serão ""montados"
20 milhões de aparelhos no país.
O mercado interno vai absorver
12 milhões de aparelhos. Os outros 8 milhões serão exportados.
""O que estamos fazendo é tentar
convencer alguns dos fornecedores a implantarem subsidiárias
aqui, para fornecer componentes.
O Brasil, com o mercado interno e
exportação, já tem escala", diz ele.
Taiwan, por exemplo, praticamente detém o monopólio da fabricação de baterias para celulares
em todo o mundo. No Brasil, os
fabricantes de celulares utilizam
cerca de dez tipos diferentes desse
componente em seus modelos.
Segundo Cagno, uma empresa de
baterias só se instalaria no país se
existisse demanda de 10 milhões
de unidades (para cada um dos
modelos diferentes). Ou seja, somente se o país se transformasse
em base de exportação. ""Devido
ao enorme investimento, é preciso sensibilidade do governo para
atrair esse pessoal", diz ele.
Houve avanços. Neste ano, uma
fábrica de displays iniciou a instalação de uma subsidiária em Manaus (AM) para fornecer às indústrias brasileiras.
(JAD)
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