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Governo tenta conter alta do preço do feijão
Medida garantirá valor mínimo aos produtores
LEANDRA PERES
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo garantirá aos produtores de feijão um preço mínimo de R$ 90 por saca na venda do grão para estimular o
plantio e evitar que o aumento
de preços afete a inflação, como
ocorreu neste ano.
A medida fará parte do plano
anual de safra, que será divulgado no início de julho.
O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) também
anunciou que o governo abrirá
uma linha de crédito de R$ 1 bilhão para a recuperação de
áreas degradadas de pastagens.
"Se você der um preço de garantia que dá um lucro razoável
[ao produtor de feijão], você
mantém uma linha de produção", disse.
O feijão foi um dos produtos
que mais contribuíram para a
elevação da inflação no último
ano. De acordo com dados do
Ministério da Fazenda, o feijão
responde por 0,42 ponto percentual da inflação de 5,58%
acumulada nos últimos 12 meses. No início de abril, o ministro Guido Mantega (Fazenda)
chegou a dizer que, "se não fosse o feijão, a inflação estaria
abaixo da meta".
A intenção do governo ao garantir um preço mínimo é que
haja estímulo ao plantio e o
preço não oscile muito.
Segundo Stephanes, o custo
de produção da saca de feijão
está em torno de R$ 70, enquanto o valor de venda no
mercado chega hoje a R$ 150.
Há um mês, a cotação era de R$
110 a saca, há 90 dias, de R$ 210
e há um ano de R$ 38. "Essa volatilidade é que a gente tem que
quebrar no feijão", disse o ministro.
Garantir margem
Com o preço mínimo, o objetivo é dar ao produtor a garantia de que terá lucro com a colheita independentemente das
oscilações de mercado. Caso o
preço de comercialização seja
superior ao ofertado pelo governo, o produtor pode vender
direto no mercado e obter um
lucro ainda maior.
Além do feijão, o governo incluiu arroz, milho e trigo na lista de produtos sensíveis, com
impactos relevantes sobre a inflação. De acordo com o ministro da Agricultura, esses setores serão apoiados por uma
combinação de preço mínimo,
financiamento e seguro agrícola para estimular a produção.
O aumento da inflação também foi tratado em reunião, ontem, no Planalto. Mantega voltou a fazer um relato sobre as
medidas de combate ao aumento de preços para o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e seus
principais ministros.
Prevenção
Segundo assessores do presidente, a avaliação foi a de que o
governo tomou, até agora, medidas preventivas corretas, entre elas o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o da taxa de juros e o do
superávit primário previsto para este ano.
Durante a reunião, Mantega
teria ainda se referido ao período atual como uma fase de ajuste. Mas ele manifestou aos presentes a certeza de que o país
continuará crescendo, com inflação sob controle.
Os ministros também discutiram com Lula as medidas para estimular um aumento na
produção de alimentos. Elas
devem ser anunciadas até o final deste mês.
Amanhã, Mantega fará uma
exposição sobre a situação da
economia ao conselho político
do governo, que reúne Lula,
presidentes e líderes de partidos aliados.
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