São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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Governo tenta conter alta do preço do feijão

Medida garantirá valor mínimo aos produtores

LEANDRA PERES
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo garantirá aos produtores de feijão um preço mínimo de R$ 90 por saca na venda do grão para estimular o plantio e evitar que o aumento de preços afete a inflação, como ocorreu neste ano.
A medida fará parte do plano anual de safra, que será divulgado no início de julho.
O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) também anunciou que o governo abrirá uma linha de crédito de R$ 1 bilhão para a recuperação de áreas degradadas de pastagens. "Se você der um preço de garantia que dá um lucro razoável [ao produtor de feijão], você mantém uma linha de produção", disse.
O feijão foi um dos produtos que mais contribuíram para a elevação da inflação no último ano. De acordo com dados do Ministério da Fazenda, o feijão responde por 0,42 ponto percentual da inflação de 5,58% acumulada nos últimos 12 meses. No início de abril, o ministro Guido Mantega (Fazenda) chegou a dizer que, "se não fosse o feijão, a inflação estaria abaixo da meta".
A intenção do governo ao garantir um preço mínimo é que haja estímulo ao plantio e o preço não oscile muito.
Segundo Stephanes, o custo de produção da saca de feijão está em torno de R$ 70, enquanto o valor de venda no mercado chega hoje a R$ 150. Há um mês, a cotação era de R$ 110 a saca, há 90 dias, de R$ 210 e há um ano de R$ 38. "Essa volatilidade é que a gente tem que quebrar no feijão", disse o ministro.

Garantir margem
Com o preço mínimo, o objetivo é dar ao produtor a garantia de que terá lucro com a colheita independentemente das oscilações de mercado. Caso o preço de comercialização seja superior ao ofertado pelo governo, o produtor pode vender direto no mercado e obter um lucro ainda maior.
Além do feijão, o governo incluiu arroz, milho e trigo na lista de produtos sensíveis, com impactos relevantes sobre a inflação. De acordo com o ministro da Agricultura, esses setores serão apoiados por uma combinação de preço mínimo, financiamento e seguro agrícola para estimular a produção.
O aumento da inflação também foi tratado em reunião, ontem, no Planalto. Mantega voltou a fazer um relato sobre as medidas de combate ao aumento de preços para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus principais ministros.

Prevenção
Segundo assessores do presidente, a avaliação foi a de que o governo tomou, até agora, medidas preventivas corretas, entre elas o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o da taxa de juros e o do superávit primário previsto para este ano.
Durante a reunião, Mantega teria ainda se referido ao período atual como uma fase de ajuste. Mas ele manifestou aos presentes a certeza de que o país continuará crescendo, com inflação sob controle.
Os ministros também discutiram com Lula as medidas para estimular um aumento na produção de alimentos. Elas devem ser anunciadas até o final deste mês.
Amanhã, Mantega fará uma exposição sobre a situação da economia ao conselho político do governo, que reúne Lula, presidentes e líderes de partidos aliados.


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