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Argentina culpa abertura por indústria frágil
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
Em meio à onda protecionista
da Argentina contra a chamada
invasão de eletrodomésticos brasileiros, o governo argentino fez
uma autocrítica e culpou a liberalização dos anos 90 pela fragilidade produtiva do país.
"Não foi a competição brasileira, mas a irresponsável aplicação
de um programa de liberalização
sem instrumentos de regulação
estatal que levou o país a essas circunstâncias críticas", disse o subsecretário de Integração Econômica do Ministério das Relações
Exteriores da Argentina, Eduardo
Sigal, em nota à imprensa.
O diplomata defendeu o Mercosul e disse que foi por causa da
criação do bloco que as exportações da Argentina para os países-membros triplicaram desde 1991.
"Essas exportações, que em que
em 1991 significavam 80 mil postos de trabalho, hoje significam
250 mil", disse.
Um integrante do governo argentino disse à Folha que desde
2001 o país tenta desenvolver uma
política industrial e de comércio
exterior para fortalecer a indústria local e reduzir a desvantagem
competitiva em relação ao Brasil.
Brasil e Argentina têm engavetado um projeto de integração de
cadeias produtivas, baseado na
divisão do processo produtivo de
várias cadeias, cuja produção,
tanto para exportação quanto para consumo interno, se complementariam.
Esse é o caminho apontado pelos dois governos para pôr fim às
disputas comerciais entre os dois
blocos do Mercosul.
O problema é que até agora,
com 13 anos de Mercosul, os principais blocos só conseguiram iniciar um único grupo para discutir
a integração da produção de móveis e madeira.
"Por enquanto só há um grupo,
mas os trabalhos já estão bem
avançados", disse o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Marcio Fortes.
Nos bastidores, porém, os governos admitem que vão levar
muitos anos até que os dois países
integrem a produção. A Argentina teria que recuperar primeiro a
sua própria indústria e o mercado
interno, depois da crise dos últimos cinco anos, que fez o PIB encolher cerca de 20%.
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