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MADE IN BRAZIL
Empresas transferem fabricações para território nacional para vender aos países da América Latina e aos EUA
Alemanha usa Brasil como base para exportar
FABÍOLA SALANI
ENVIADA ESPECIAL À ALEMANHA
Custos de produção mais baixos, proximidade com os Estados
Unidos, funcionários "interessados, motivados, empenhados".
Esses três fatores têm levado as
empresas alemãs com filial no
Brasil a usar o país como plataforma de exportação mundial.
Os exemplos incluem transferência de produção global de determinados itens para o Brasil.
"Estamos mandando toda a
nossa produção de turbinas para
o Brasil", disse o vice-presidente-executivo da Voith-Siemens,
Karl-Heinz Fessel. Sem contar
que a fundição localizada no Brasil é a única do grupo no mundo,
segundo o executivo, a fornecer
componentes como secadores industriais.
Na Henkel, a unidade brasileira
é a única no mundo fabricar um
reparador de emergência da família Super Bonder. No ano passado, a empresa instalou no Brasil a
linha de envase e embalagem desse produto, num processo incluiu
investimentos de 2 milhões no
país. O reparador é hoje exportado para mais de 30 países.
"Os produtos brasileiros são
muito competitivos", disse Edgar
Silva Garbade, presidente da
Bosch na América Latina. A companhia transferiu uma unidade
do México para o Brasil no ano
passado e, daqui, exporta diversos
produtos para os EUA -e o fator
custo (o momento é bom inclusive do ponto de vista cambial) foi
um dos fundamentais na decisão
da transferência.
Outro grupo alemão que trouxe
ao Brasil um produto para fabricação exclusiva aqui foi a Basf,
que no ano passado abriu o Centro de Produção Agro, em Guaratinguetá (SP), onde faz a manufatura do princípio ativo Boscalid
para abastecimento mundial.
E todas as unidades de produção da área de saúde animal da
América Latina da Bayer foram
transferidas para o Brasil, de onde
partem agora as vendas do grupo
para a região. Além disso, a fábrica de Belford Roxo (RJ) está se
tornando, de acordo com a assessoria da empresa, plataforma
mundial para a produção de Tamaron -da Bayer CropScience.
Fessel, da Voith, vê no custo e na
boa produtividade do funcionário brasileiro os principais motivos para o grupo fabricar aqui até
turbinas para irem para a China.
No Encontro Econômico Brasil-Alemanha 2004, realizado em
Stuttgart há quatro semanas,
Claus Hoppen, executivo-chefe
da Mahle -fabricante de autopeças- no Brasil, apresentou um
estudo de custo de mão-de-obra
em diversos países.
Apesar de mostrar que o custo
no Brasil é o triplo do da China,
ele afirmou que há muitas vantagens no funcionário brasileiro:
"Ele é mais bem preparado, tem
maior vínculo com a empresa, dinamismo e espírito inovador",
afirmou o executivo.
O presidente mundial da Bosch,
Franz Fehrenbach, elogia o país:
"Achamos que o Brasil tem boa
localização em relação à região
americana e baixo custo".
Destinos
As exportações da Mahle brasileira se dirigem principalmente
para EUA -31%-, Argentina
-13%- e Alemanha -9%. Para
a China, vão 5,2% dos produtos
vendidos externamente pela unidade do Brasil. "Apesar de os custos de mão-de-obra da China serem mais baixos, nossos produtos
têm sido competitivos lá", disse
Hoppen. A exportação é, hoje,
responsável por 53% do faturamento da companhia no Brasil.
Os EUA são também o principal
cliente da divisão de adesivos de
consumo da Henkel brasileira, levando 30% das exportações da
unidade. A seguir, vêm Itália, com
10%, Rússia, com 8%, e Inglaterra
e Alemanha, com 5% cada.
A Bosch calcula que suas unidades no Brasil fechem este ano com
vendas totais de R$ 3,2 bilhões
-30% a mais do que em 2003-,
45% delas externas, sendo 32%
das exportações para fora da
América do Sul. "Essa posição positiva amplia o número de funcionários", diz Garbade, da Bosch da
América Latina. O grupo deve encerrar o ano com 800 empregados
a mais do que tinha no ano passado no país.
A ThyssenKrupp informa que
aproximadamente 75% de suas
exportações das subsidiárias brasileiras são destinadas aos EUA.
Vendem para o exterior as divisões automotiva, de elevadores e
de tecnologia do grupo no Brasil
-a última abastece as subsidiárias da companhia nos Estados
Unidos e na Europa.
Além de exportar produtos de
suas várias divisões para toda a
América Latina, incluindo o México, a Bayer tem, na divisão de
produtos agrícolas -a CropScience- outro grande cliente: a
Austrália, um dos grandes produtores mundiais.
A Basf se diferencia das demais
empresas, pois os EUA não aparecem na lista de principais destinos
das mercadorias exportadas a
partir do Brasil.
A assessoria da companhia informou que os principais mercados são: Europa, com US$ 43,6
milhões (sendo US$ 31,1 milhões
para a Alemanha); Argentina,
com US$ 6,84 milhões; África do
Sul, US$ 4,98 milhões; Peru, US$
3,28 milhões, e Venezuela, US$
3,18 milhões.
A jornalista Fabíola Salani viajou à Alemanha a convite da Câmara de Comércio
Brasil-Alemanha e do governo alemão.
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