São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2008

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Aperto fiscal maior ajuda a conter inflação, diz Meirelles

Para presidente do Banco Central, quanto maior o superávit primário, melhor

Meirelles diz que, "em tese", IPCA pode superar o teto da meta, de 6,5%, e que pico do efeito da alta do juro deve ocorrer no início de 2009


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem em entrevista à TV Bloomberg que o aumento do superávit primário ajuda no combate à inflação e, por isso, "quanto mais, melhor". Segundo Meirelles, o aumento dos juros, que teve início em abril, tem efeito imediato cumulativo. Mas o "pico", o efeito completo, deve ocorrer no final deste ano e no início de 2009.
Meirelles citou na entrevista que, "em tese", há a possibilidade de a inflação medida pelo IPCA superar o teto da meta, de 6,5%, mas ressaltou que o mercado tem visto esse risco como "uma possibilidade menor".
"Não fazemos a nossa própria previsão. O mercado acha, por tudo o que nós temos visto, que há uma possibilidade menor. Agora, sempre existe em tese essa possibilidade. Todo início de ano, calculam-se essas possibilidades e alguns cenários em que sistematicamente, mesmo que a inflação esteja abaixo do centro da meta, existe uma possibilidade teórica que possa estourar o teto ou o piso", afirmou Meirelles.
Sem citar o ministro da Fazenda, Guido Mantega, Meirelles elogiou o aumento do superávit primário para 4,3%. Mas lembrou que a economia para pagar os juros da dívida não é maior, como de 5%, porque o governo tem que suprir as demandas da sociedade, como os gastos com infra-estrutura e o reajuste salarial dos funcionários públicos.
Meirelles admitiu, ainda, que a inflação no Brasil está sendo influenciada pelo aumento dos preços internacionais, como de commodities -alimentos e petróleo. Ele citou a previsão que teria ouvido de um analista de que o aumento das commodities vai se manter por mais três anos. E o reajuste do petróleo pode se prolongar ainda mais.
Mas o presidente do BC lembrou que há um componente de inflação doméstica, puxada pelo aumento da demanda interna e o uso da capacidade instalada das indústrias próximo do limite. Ele disse disse, ainda, que o BC está atento à inflação e não foi "surpreendido" com o resultado do IPCA neste ano até agora. "A demanda doméstica está crescendo a taxas elevadas. A produção, também. O uso de capacidade é alto. Na questão dos preços, no atacado estão crescendo. Envolve um risco de repasses. Essa é a parte doméstica do processo."


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