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Aperto fiscal maior ajuda a conter inflação, diz Meirelles
Para presidente do Banco Central, quanto maior o superávit primário, melhor
Meirelles diz que, "em tese",
IPCA pode superar o teto da
meta, de 6,5%, e que pico do
efeito da alta do juro deve
ocorrer no início de 2009
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse
ontem em entrevista à TV
Bloomberg que o aumento do
superávit primário ajuda no
combate à inflação e, por isso,
"quanto mais, melhor". Segundo Meirelles, o aumento dos juros, que teve início em abril,
tem efeito imediato cumulativo. Mas o "pico", o efeito completo, deve ocorrer no final deste ano e no início de 2009.
Meirelles citou na entrevista
que, "em tese", há a possibilidade de a inflação medida pelo IPCA superar o teto da meta, de
6,5%, mas ressaltou que o mercado tem visto esse risco como
"uma possibilidade menor".
"Não fazemos a nossa própria previsão. O mercado acha,
por tudo o que nós temos visto,
que há uma possibilidade menor. Agora, sempre existe em
tese essa possibilidade. Todo
início de ano, calculam-se essas
possibilidades e alguns cenários em que sistematicamente,
mesmo que a inflação esteja
abaixo do centro da meta, existe uma possibilidade teórica
que possa estourar o teto ou o
piso", afirmou Meirelles.
Sem citar o ministro da Fazenda, Guido Mantega, Meirelles elogiou o aumento do superávit primário para 4,3%. Mas
lembrou que a economia para
pagar os juros da dívida não é
maior, como de 5%, porque o
governo tem que suprir as demandas da sociedade, como os
gastos com infra-estrutura e o
reajuste salarial dos funcionários públicos.
Meirelles admitiu, ainda, que
a inflação no Brasil está sendo
influenciada pelo aumento dos
preços internacionais, como de
commodities -alimentos e petróleo. Ele citou a previsão que
teria ouvido de um analista de
que o aumento das commodities vai se manter por mais três
anos. E o reajuste do petróleo
pode se prolongar ainda mais.
Mas o presidente do BC lembrou que há um componente de
inflação doméstica, puxada pelo aumento da demanda interna e o uso da capacidade instalada das indústrias próximo do
limite. Ele disse disse, ainda,
que o BC está atento à inflação
e não foi "surpreendido" com o
resultado do IPCA neste ano
até agora. "A demanda doméstica está crescendo a taxas elevadas. A produção, também. O
uso de capacidade é alto. Na
questão dos preços, no atacado
estão crescendo. Envolve um
risco de repasses. Essa é a parte
doméstica do processo."
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