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Distância entre país rico e pobre cresce na publicidade
Campanhas a partir de várias plataformas obtêm principais prêmios em Cannes
Para diretor de criação, faltam visão de mercado, vontade e verbas para agências investirem em comunicação integrada
CRISTIANE BARBIERI
ENVIADA ESPECIAL A CANNES
À medida que o 55º Festival
Internacional de Publicidade
de Cannes chega ao fim, torna-se evidente que a distância entre países ricos e pobres está cada vez maior no mundo da propaganda. Isso porque não bastam apenas criatividade e boas
idéias para fazer campanhas,
atrair e interagir com os consumidores -e, conseqüentemente, levar os principais prêmios
da área. Agora, a comunicação
tem de ser feita em várias plataformas ao mesmo tempo.
"Dificilmente um pôster de
outdoor levará um Grand Prix
[o principal prêmio de Cannes]
daqui para a frente", diz André
Lima, sócio na agência NBS e
jurado da categoria outdoor.
"Com o avanço da tecnologia,
há milhões de maneiras de fazer comunicação outdoor."
O discurso repete-se em todas as outras áreas. Como resultado, os países ricos levam
os principais prêmios. Os países em desenvolvimento se
destacam em setores mais tradicionais e menos tecnológicos.
Foi o que houve nos dias anteriores e se repetiu ontem,
com a divulgação dos ganhadores de internet e mídia impressa. Em internet, o vencedor do
Grand Prix foi o Japão. Noruega, EUA, Suécia e Canadá mereceram ouro. Em mídia impressa, países como África do Sul,
no Grand Prix, e Índia, Tailândia, Qatar e Brasil tiveram destaque com o ouro.
"O mercado brasileiro é adolescente em termos de tecnologia", diz Paulo Sanna, diretor de
criação da McCann Erickson e
jurado de Cyber, a categoria da
internet. "Vejo com muito pouco otimismo a comunicação integrada no Brasil e não consigo
acreditar que as agências brasileiras estejam preparadas para
prestar esse tipo de serviço."
Outros hábitos
Segundo Sanna, isso acontece porque faltam visão de mercado e vontade das agências,
bem como verbas. Além disso, o
fato de o brasileiro não ter os
mesmos hábitos na internet
dos japoneses ou dos europeus,
que navegam nos celulares o
tempo todo e vêem cada vez
menos TV, também influencia
o comportamento. "Isso acaba
justificando a posição acomodada das agências brasileiras."
Para ele, isso explica também
a queda do número de prêmios
de internet para o Brasil nos últimos anos. Enquanto em 2004
e 2005 as agências brasileiras
receberam 23 leões por ano,
nos últimos dois anos foram
apenas 9 e, ontem, o país mereceu apenas 7. As agências brasileiras inscrevem basicamente
banners, enquanto há muitas
outras novas possibilidades de
propaganda pela internet e de
comunicação integrada sendo
desenvolvidas mundo afora.
Um exemplo da nova tendência foi mostrado com a
campanha criada para o canal
HBO nos EUA, que levou dois
Grand Prix e ouros em diversas
categorias, inclusive Cyber. A
partir de uma projeção numa
parede lisa de um prédio em
Nova York, as pessoas podiam
acompanhar o dia-a-dia dos
moradores fictícios do edifício.
Também podiam fazê-lo pela
internet e pela TV.
Já na tradicional mídia impressa, o Brasil foi o país mais
premiado. Levou 14 leões, incluindo o primeiro e até agora
único ouro, criado para a Cia.
das Letras pela Almap BBDO.
No total, o Brasil já conquistou
37 prêmios, contra 30 em 2007.
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