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Alta nos juros já surte efeito, diz BC
Para Meirelles, redução nas expectativas de inflação é reflexo do aperto na política monetária
Mercado diminui estimativa
para o IPCA deste ano para
6,44%, abaixo do teto da
meta; há quatro semanas,
previsão chegou a 6,59%
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse
ontem a investidores em Nova
York que a elevação da taxa básica de juros já surte efeito na
projeção da alta de preços.
"Já existem sinais de que a
política monetária começou a
influenciar as expectativas de
inflação, controlando os efeitos
da aceleração inflacionária de
2008 sobre as expectativas",
afirmou, em conferência organizada pela Câmara de Comércio Brasil-EUA.
Meirelles se referia à nova
baixa na projeção do IPCA para
2008. Segundo pesquisa Focus
feita com o mercado na semana
passada e divulgada ontem pelo
Banco Central, a estimativa
caiu de 6,45% para 6,44%.
-abaixo dos 6,5% do teto da
meta oficial. Há quatro semanas, a previsão chegou a 6,59%.
Para 2009, foi mantida em 5%.
A projeção dos analistas de
mercado é de 4,5% para 2010 e
de 4,45% para 2012.
O presidente do Banco Central disse também que tal percepção "reforça que é viável
trazer a inflação de volta à meta
de 4,5% em 2009".
Tal objetivo tem tolerância
de dois pontos percentuais,
mas Meirelles disse haver o
"compromisso" de trazer a taxa
para "o centro da meta".
O Copom (Comitê de Política
Monetária) chegou ao valor
atual da taxa Selic, de 13%, no
final de julho, quando surpreendeu o mercado ao elevá-la em 0,75 ponto percentual.
Em cada uma das duas reuniões anteriores, o reajuste havia sido de 0,5 ponto.
A próxima reunião do Copom está marcada para 9 e 10
de setembro. Meirelles disse
que há "quem pense que, com a
baixa na expectativa da inflação, o banco [BC] não precisa
fazer nada" para conter a alta
de preços, mas que o correto é
justamente o oposto: é preciso
indicar uma política rigorosa
para manter a expectativa de
que a escalada irá arrefecer.
Ao apresentar dados do Brasil, ele disse que a "atividade
econômica permanece robusta" no país. Citou como exemplo a criação de 1,883 milhão de
empregos no período de 12 meses, até junho. Meirelles volta a
se reunir com investidores em
Nova York hoje e amanhã.
Otimismo
Para Elson Teles, economista-chefe da Concórdia Corretora, há um pouco mais de otimismo em relação ao comportamento da inflação por causa da
queda nos preços das commodities -produtos como alimentos, minérios e petróleo. "Assim como [a alta das commodities] jogou os índices [de preços] para cima, parece que agora o quadro está se revertendo",
diz Teles, que cita também a alta dos juros promovida pelo BC
como outro fator que ajuda a
conter a pressão inflacionária.
O economista ressaltou que
ainda é cedo para dizer que a inflação entrou mesmo numa
tendência de queda, principalmente num horizonte mais
longo de tempo. "No ano que
vem, ainda teremos pressões,
como no caso dos preços administrados", disse Teles, referindo-se às tarifas públicas que são
corrigidas pela variação de índices de preço no ano anterior.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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