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Combate a praga da laranja dizima abelhas no interior de São Paulo
Excesso de inseticida causa fim de colméias, afirma biólogo de universidade
VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
O combate ao "greening",
considerada a pior doença da
citricultura no mundo, está dizimando abelhas no interior
paulista. O alerta é do biólogo
Osmar Malaspina, pesquisador
do Centro de Estudos de Insetos Sociais do Departamento de
Biologia da Unesp de Rio Claro.
Um laudo comprovou que a
morte das abelhas de pelo menos 700 colméias em Boa Esperança do Sul e Brotas foi causado por excesso de inseticida.
Malaspina estima que outras
3.300 colméias no Estado possam ter morrido neste ano devido aos agrotóxicos.
O número foi calculado com
base no relato de apicultores de
dez municípios.
Francisco Tomazin Neto, de
Boa Esperança do Sul, afirma
que perdeu metade de suas 800
colméias em março. As abelhas
mortas foram enviadas ao laboratório do AgroSafety Monitoramento Agrícola, de Piracicaba, empresa desenvolvida na
incubadora da Esalq (Escola
Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz), da USP.
De acordo com o laudo emitido pela empresa em 11 de abril,
foi encontrada a proporção de
0,04 miligrama por quilo da
substância Tiamexotan nos insetos mortos, quando o tolerado pelo Ministério da Agricultura é 0,01 mg/kg.
O Ministério da Agricultura
informou que a substância está
registrada para o uso contra o
vetor do "greening", o psilídeo
Diaphorina citri. Segundo a
pasta, o uso recomendado pelo
ministério -aplicação de 3 gramas por planta- é seguro.
Uso indiscriminado
"Eu até entendo o lado desse
pessoal. Só que, nesse caso, o
produto foi passado indiscriminadamente", disse o apicultor
Tomazin, o mais antigo produtor de Boa Esperança do Sul e
um dos maiores da cidade (90
toneladas de mel por ano). Segundo Tomazin, seu prejuízo
pode chegar a R$ 800 mil.
Marcos Tavolaro, de Brotas,
perdeu 300 de suas 1.500 colméias há três meses.
"Essa questão é muito séria.
Alguns inseticidas estão proibidos na França e na Alemanha
porque dizimaram 80% das
abelhas. Existe uma preocupação mundial com os polinizadores. Nós vamos ficar sem
eles", disse Malaspina.
A Secretaria de Estado da
Agricultura confirmou ter recebido denúncias sobre mortandade de abelhas, mas disse
não ter constatado irregularidades nas cidades.
Flávio Viegas, presidente da
Associação Brasileira de Citricultores, disse não ter conhecimento sobre morte de abelhas
decorrente do uso de agrotóxico em pomares de laranja de
São Paulo. Afirmou que as denúncias são sérias e devem ser
discutidas com o setor.
Constantino Zara Filho, da
diretoria técnica da Associação
Paulista dos Criadores de Abelhas Européias Melíficas, estima que a produção de mel no
país fique entre 40 mil e 45 mil
toneladas por ano.
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