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FIM DO SUFOCO?
Já há loja que vende dois itens da linha marrom para cada eletrodoméstico de linha branca que sai
Consumidor procura mais TVs e DVDs do que fogão e geladeira
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A recuperação nas vendas no setor de bens duráveis no país ocorre de forma desequilibrada. Se a
demanda por itens da linha marrom (televisores, aparelhos de
som, DVDs) começou a ocorrer
neste mês, na chamada linha
branca (refrigeradores, lava-louças, freezers) as vendas patinam.
Duas cadeias de lojas ouvidas
pela Folha informaram que a demanda está desigual em outubro.
De cada três mercadorias vendidas, uma pertence ao segmento
de linha branca, segundo cálculos
que uma rede de departamento
informou na semana passada.
Em 2002, foram vendidas pouco
mais de 18 milhões de unidades
em mercadorias da linha marrom
e da linha branca. A relação estava
em quase um para um -de cada
cem aparelhos vendidos, 55 eram
de imagem e som e os 45 restantes
pertenciam à linha branca.
"No nosso caso, registramos
bons números na venda de linha
marrom desde agosto. Mas entendemos que essa diferença de
ritmo entre as linhas acontece
porque a linha marrom tem apelo
bem maior", diz Luiz Freitas, diretor de vendas da Semp Toshiba.
A Eletros (Associação Nacional
dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) diz que há indícios
de que o movimento de retomada
tenha começado, mas informa
não ser possível dizer ainda que
ele ocorre na mesma velocidade
para as duas linhas de produtos.
"Estamos num momento em
que há claros sintomas de melhoria e que devem se tornar ainda
mais evidentes a partir do próximo mês", diz Paulo Saab, presidente da Eletros.
A entidade ajudou a pressionar
o governo a assinar, em setembro,
uma portaria para a liberação de
R$ 400 milhões para estimular a
venda de eletroeletrônicos em geral, incluindo a linha branca.
A forte campanha publicitária
das redes de varejo, como Casas
Bahia e Ponto Frio, para desovar
os estoques de televisores e aparelhos de som ajudou a alavancar,
em velocidade um pouco maior, a
venda da linha marrom.
Fator preço
Mas não é o fator principal: ainda há a questão do preço unitário
e dos reajustes nas tabelas promovidos pela indústria.
O preço médio de um freezer
(R$ 1.000) é bem mais elevado do
que de um aparelho de som ou
um DVD (R$ 600). Portanto,
quando o consumidor volta às lojas no final do ano e pretende realizar uma compra, essa questão
pesa. Isso só não ocorre quando a
compra do item é encarada pelo
consumidor como necessidade
(caso do fogão, por exemplo).
Ainda há o fator dos reajustes.
Em junho, julho e agosto, a Fipe
mostra que o preço dos itens de
imagem e som só caiu. Mas os
chamados eletrodomésticos pesados (refrigeradores e fogão) registraram alta de preços no período.
Historicamente, há diferenças
nos ritmos de expansão dos segmentos. Quando a economia dá
sinais de leve recuperação, o setor
de linha marrom se recupera mais
rapidamente do que a linha branca. Isso ocorreu em 2000, um bom
ano para a indústria.
"Isso [a demanda por linha
marrom] tem a ver também com
a questão do lazer. Para o brasileiro, o DVD é uma compra por prazer, mais do que, por exemplo,
um refrigerador", diz Freitas.
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