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Para analistas, pressão inflacionária é inevitável
DA REPORTAGEM LOCAL
A recente elevação dos juros para 21% ao ano não será suficiente
para evitar todo o repasse da disparada do dólar para os preços. E,
mesmo que a moeda norte-americana recue com o fim da ansiedade criada pelo período eleitoral,
haverá pressão inflacionária no
ano que vem, na análise dos economistas consultados pela Folha.
"O aumento de custo gerado pela desvalorização do real ocorrida
até agora será carregado para
2003", afirma Luís Suzigan, economista da LCA Consultores.
A meta de inflação do governo,
medida pelo IPCA, para o ano que
vem é de 4%, com intervalo de variação de 2,5 pontos percentuais
para cima ou para baixo. Mas
nem mesmo o BC acredita que a
inflação ficará em 4% no ano que
vem. A autoridade monetária justificou a recente elevação dos juros, por exemplo, como necessária para que a inflação oscile entre
4,5% e 5% em 2003.
O mercado já trabalha com expectativas ainda maiores. Na última pesquisa Focus -feita pelo
BC com o mercado no dia 11 deste
mês-, as previsões para o IPCA
em 2003 eram de 5,85%. A causa
principal para a previsão elevada
é a desvalorização do real.
Para a LCA Consultores, o dólar
médio no ano que vem deve ficar
ao redor de R$ 3,35, ou 15% maior
do que o deste ano (R$ 2,95), no
cenário mais provável traçado pela consultoria -um motivo de
pressão sobre os preços. Para a
LCA, o novo governo também
não vai conseguir segurar os preços das tarifas públicas -outra
pressão sobre a inflação.
Para Roberto Padovani, economista da consultoria Tendências,
a pressão sobre a inflação no ano
que vem virá principalmente dos
preços administrados, como
energia elétrica, e também dos
combustíveis. "São reajustes de
preços que vão contaminar a inflação", afirma Luiz Rabi, economista-chefe do Bicbanco.
Existe a percepção até de que o
BC poderá, até o fim do ano, voltar a elevar os juros, caso o dólar
se mantenha pressionado e a meta de inflação para 2003 continue
ameaçada. "A atual administração do BC já deixou claro que fará
de tudo para combater a inflação", diz Tomás Málaga, economista-chefe do Itaú.
(EF, FF e JAD)
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