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repercussão
Especialistas vêem prejuízos para indústrias
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Especialistas ouvidos pela
Folha se dividem sobre a decisão do governo brasileiro
de retaliar os Estados Unidos
com a vitória obtida na OMC
(Organização Mundial do
Comércio), uma vez que a retaliação em bens pode prejudicar a indústria e os importadores nacionais, afetando
ainda mais a balança comercial.
Segundo o vice-presidente
da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil),
José Augusto de Castro, a retaliação brasileira anunciada
ontem pode fechar ainda
mais o mercado norte-americano para produtos brasileiros, em vez de corrigir
uma distorção do comércio
internacional.
"Tradicionalmente, nenhum país adota essas penalidades, porque com a retaliação você afeta o fluxo de
comércio e pode estimular o
outro lado a impor medidas,
ainda que contrárias às regras estabelecidas pela OMC,
que vão nos prejudicar. Não
vejo com bons olhos [a decisão adotada pelo Brasil]",
afirmou Castro.
O presidente da Sobeet
(Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização
Econômica), Luís Afonso Lima, discorda.
"A decisão já era conhecida, mas essa posição é uma
novidade. É uma posição radical, mas correta, tendo em
vista que os Estados Unidos
estão desrespeitando as decisões da OMC. Cabe, agora,
adotar as medidas que foram
evitadas até agora."
Castro prefere ver a possibilidade de retaliação como
um trunfo em negociações
comerciais futuras com os
Estados Unidos. "Neste momento, as exportações estão
sob ameaça de retração, com
todas essas notícias de crise,
muitas que não se confirmam. Sou favorável a que
não se adote a retaliação. É
mais simbólico, um trunfo
que temos na mesa", disse.
Para Lima, o importante é
criar um precedente. "O que
conforta é que a balança comercial brasileira é diversificada, e os Estados Unidos
vêm perdendo espaço. O
ponto principal é o antecedente que isso cria, um freio
na posição americana."
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