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Bovespa já acumula perda de 11% no mês
Influenciada pelo pessimismo no mercado externo, Bovespa recua mais 3% e reduz ganhos acumulados no ano para apenas 1,1%
Estrangeiros já tiraram
R$ 5,2 bi da Bolsa em junho;
preocupação com resultados
de bancos e alta do petróleo
desanimam investidores
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A semana aprofundou o mau
desempenho da Bolsa de Valores de São Paulo neste mês. A
queda da Bovespa na semana ficou em 3,85%, o que elevou
suas perdas mensais a 10,99%.
O mercado acionário brasileiro não tem conseguido se
descolar do adverso cenário internacional. No pregão de ontem, as perdas do índice Ibovespa bateram em 2,97%.
A saída de capital externo
tem prejudicado bastante o
mercado acionário local. Neste
mês, até o dia 17, os estrangeiros mais venderam que compraram ações no montante de
R$ 5,18 bilhões. A categoria responde por cerca de 35% de todas as operações da Bolsa.
Quedas expressivas foram
registradas ontem nos principais centros financeiros. Na
Europa, a Bolsa de Frankfurt
perdeu 2,12%; a de Londres teve desvalorização de 1,53%.
Para as Bolsas americanas, o
resultado de ontem foi de baixa
de 2,27%, na Nasdaq, e de
1,83%, no índice Dow Jones.
O setor financeiro voltou ao
centro das preocupações, com
previsões de resultados futuros
pessimistas. Ontem, foi a vez de
as seguradoras de títulos de dívida MBIA e Ambac serem rebaixadas pela agência Moody's.
As ações da MBIA recuaram
13% em Nova York. Entre os
bancos, fortes quedas para
Morgan Stanley (-3,76%), Bank
of America (-3,70%) e Citigroup (-2,34%).
No mercado brasileiro, apesar de o setor bancário estar em
uma fase de grandes resultados, marcada por lucros recordes, as ações dos bancos também caíram. No pregão de ontem, os papéis PNs do Itaú recuaram 4,05%, seguidos por
Banco do Brasil ON (-3,82%) e
Bradesco PN (-2,93%).
"O mercado internacional
atravessa há algum tempo um
período negativo, marcado por
incertezas em relação ao setor
financeiro e riscos de crescimento em um cenário de pressão inflacionária", afirma Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management.
"A Bovespa viveu um período
de melhora entre abril e maio,
mas agora tem andado mais colada ao cenário externo."
A retomada de alta no preço
do petróleo, após a trégua de
quinta-feira, é outro fator que
prejudicou o desempenho das
Bolsas pelo mundo ontem. O
petróleo tem rondado seus picos históricos, o que aumenta o
temor de pressão inflacionária.
E elevação exagerada de preços
pode levar os bancos centrais a
subirem as taxas de juros, movimento que prejudica o mercado acionário.
O barril de petróleo subiu
2,04% ontem em Nova York,
para encerrar as operações a
US$ 134,62. Em Londres, a alta
foi de 1,74%.
Na próxima semana, o Fomc
(comitê do BC dos EUA que define os juros) vai anunciar como fica a taxa básica americana, que está em 2% anuais. A
expectativa do mercado é que a
taxa fique inalterada. Analistas
e investidores estarão atentos à
nota que os dirigentes do Fomc
irão soltar após o encontro, que
pode sinalizar o rumo da política monetária na maior economia do mundo.
"Não acho que é hora de o BC
americano começar um processo de aperto monetário, de
olho na inflação", diz Maia.
Perdas
No ano, a Bovespa passou a
registrar alta de apenas 1,14%.
Desde que atingiu seu recorde histórico, os 73.516 pontos
marcados em 20 de maio, a Bovespa já perdeu 12,1% -ontem,
fechou aos 64.613 pontos.
O comportamento das ações
do Ibovespa (índice que acompanha os papéis de maior liquidez) na semana mostra que
poucas têm escapado da queda
generalizada. Das 66 ações do
Ibovespa, apenas 11 escaparam
de terminar a semana em baixa.
Nas maiores baixas, apareceram ações de setores distintos,
como Rossi Residencial ON
(queda de 12,75% na semana),
VCP PN (-11,43%) e Lojas Renner ON (-10,16%).
No mercado de câmbio, o dólar interrompeu sua rota de
baixa em relação ao real. A
moeda subiu 0,12% ontem e
terminou a R$ 1,606. Porém, na
semana, a queda do dólar foi expressiva, de 1,83%.
O dólar tem sido negociado
em seu mais baixo patamar
desde janeiro de 1999, período
em que o governo, diante de
uma crise cambial, liberou a cotação da moeda.
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