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Organizadores são os que mais ganham em Cannes
Maior premiação da publicidade mundial rende 35 milhões a grupo alemão
Presidente-executivo quer ver mais estudantes brasileiros "aprendendo" sobre publicidade nas próximas edições do festival
CRISTIANE BARBIERI
ENVIADA ESPECIAL A CANNES
Se a Côte d'Azur recebe 12
mil especialistas em vender e
em ganhar dinheiro, na semana
do Festival Internacional de
Publicidade de Cannes, ninguém fatura mais nesse período do que os próprios organizadores do evento. Apesar de não
falar em números, é possível ter
uma idéia de quanto embolsa o
grupo editorial alemão H
Bauer, controlador da empresa
organizadora Emap.
Na maior edição do festival
até hoje, que aconteceu neste
ano, foram inscritas 28.248 peças, a um preço médio de 400
cada uma. No total, algo em
torno de 11 milhões só com
inscrições de campanhas. Já as
de participantes renderam 19
milhões. Somados a patrocínios variados, estima-se que a
cifra supere os 35 milhões.
Para atingir faturamentos
cada vez maiores, os organizadores têm aberto novas categorias, ano após ano. Têm permitido também que a mesma
campanha seja inscrita em categorias diferentes. Os publicitários aumentam assim as
chances de determinada peça
chamar a atenção dos jurados
com a desculpa de que, cada
vez mais, elas integram diferentes tipos de mídia. Os organizadores, conseqüentemente,
aumentam sua receita.
Essa estratégia, no entanto,
começa a ser questionada. A
frase mais ouvida dos jurados
durante o festival era que todas
as categorias estavam se misturando. Diversos deles também
perguntavam se determinada
peça deveria ou não ter sido
inscrita naquela categoria.
Mudanças
"As categorias se desenvolvem e mudam", afirmou Philip
Thomas, presidente-executivo
do festival à Folha. "Estamos
pensando qual é a melhor estratégia com relação a elas e teremos alguma mudança para o
próximo ano. Não quer dizer
que vamos acabar com categorias grandes, mas faremos o
que tiver sentido porque não
queremos perder a relevância.
Nossa estratégia e nosso negócio são de longo prazo."
Mesmo com essa perspectiva, segundo Thomas, a tendência do festival é continuar crescendo por conta da complexidade que vem ganhando o mercado de comunicação. "Há quatro anos, tínhamos apenas 40
clientes das agências inscritos
no festival, o restante eram publicitários", diz ele. "Neste ano,
havia 350 clientes. Eles vêm
porque precisam entender como é essa nova comunicação."
Como os clientes têm aparecido em peso, as agências os
acompanham e, com elas, vem
a entourage das diversas áreas
cada vez mais numerosas e já
obrigatórias, como marketing
direto e internet, por exemplo.
Para eles, há seminários e
wokshops específicos. São tão
numerosos que, de acordo com
Thomas, a organização do
evento estuda a possibilidade
de buscar outros lugares para
fazer partes do festival porque
as salas do Palais, onde acontece, estão sempre lotadas.
"Uma coisa que pode mudar
aqui é a presença de estudantes
do Brasil", diz ele. "Os publicitários brasileiros são os mais
ricos do mundo -todos sabem
disso- e seria muito útil a eles
ter jovens aqui aprendendo."
De acordo com Thomas, a
multiplicação de festivais mundo afora não tem prejudicado a
imagem de Cannes. "Enquanto
continuarmos fazendo diferença para a indústria e a comunicação permanecer cada vez
mais complexa, teremos relevância", diz ele.
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