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Siderúrgicas dizem estudar retomada de produção, mas não têm projetos concretos
DA REPORTAGEM LOCAL
As projeções da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) têm
atraído um modesto interesse
das grandes siderúrgicas brasileiras. A reportagem da Folha
procurou as três grandes siderúrgicas de capital nacional e
perguntou por que elas não
produzem trilhos no Brasil.
As respostas demonstraram
apenas um interesse distante.
Mesmo diante desse aparente
desinteresse, algumas conversas preliminares já ocorreram
com a associação nacional do
setor ferroviário. Segundo Rodrigo Vilaça, diretor-executivo
da ANTF, a entidade tem recebido visitas de representantes
da indústria siderúrgica que
buscam informações sobre a
demanda.
A Gerdau, maior grupo siderúrgico brasileiro, disse à reportagem da Folha que a demanda interna gerada pelos investimentos em expansão da
malha nacional levou a empresa a organizar um grupo para
estudar a possibilidade de produzir trilho no Brasil.
Em nota, o grupo informou
que "a Gerdau está avaliando a
possibilidade de voltar a produzir trilhos, considerando a
nova realidade do setor ferroviário no Brasil".
A empresa alega que ainda
não tem definição sobre o assunto, tampouco indica quando isso poderá ocorrer, tanto
para confirmar o interesse como para descartar a idéia.
Baixo investimento
A Açominas, siderúrgica hoje
controlada pela Gerdau, já produziu trilhos na década de 90.
Mesmo antes de a Gerdau assumir a unidade, a produção foi
paralisada, em decorrência do
ciclo de baixos investimentos
do setor ferroviário.
Outra candidata a retornar a
esse mercado é a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional). O
próprio presidente da companhia, Benjamin Steinbruch, já
afirmou à imprensa que, entre
os investimentos da siderúrgica em aços longos, a produção
de trilho era uma das opções.
Questionada sobre eventual
estudo, a CSN disse pouco, indicando que a produção de trilho, por ora, é um negócio ainda
no campo das intenções.
O Sistema Usiminas, que
congrega as usinas siderúrgicas
de Ipatinga (MG) e da Cosipa
(SP), demonstra ainda mais
distância da produção nacional
de trilhos. A empresa alega que
o foco da Usiminas continua a
ser a produção de aços planos, e
não longos.
Mesmo assim, o Sistema Usiminas tem um projeto de produção de 5 milhões de toneladas de aço. Parte dessa produção pode ser transformada em
aços longos, mas, por enquanto, nada indica que trilho faça
parte dos projetos da companhia. É a posição oficial.
Na opinião do professor da
UFSCar (Universidade Federal
de São Carlos) e especialista em
siderurgia Marcelo Pinho, a indústria siderúrgica do país
aguarda os sinais de uma "demanda firme".
"A projeção [de 400 mil toneladas por ano] é muito maior do
que o volume que era habitualmente produzido, abaixo de 40
mil toneladas anuais nos anos
1990. Mesmo que se confirme,
dificilmente seria uma demanda firme, um volume que se repetiria regularmente", afirma
Pinho. (AB)
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