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Tesouro resgata títulos para fugir de juros
Com sobra de caixa e Selic mais alta, governo prefere evitar emissão de papéis, e dívida pública recua 3,4% em julho
Endividamento cai para
R$ 1,3 tri, sob influência do
resgate de títulos prefixados,
os mais afetados pelas
turbulências no mercado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para fugir dos juros altos, o
Tesouro Nacional tem evitado
a emissão de títulos públicos,
estratégia que, combinada com
a grande concentração de vencimentos de papéis ocorrida no
mês passado, fez a dívida do governo federal registrar uma redução entre junho e julho.
De acordo com dados do Tesouro, o endividamento do governo federal somava R$ 1,298
trilhão ao final do mês passado,
uma redução de 3,4% em relação ao saldo de junho. Neste
ano, a queda é de 2,7%.
O recuo ocorrido especificamente no mês passado se explica pelo maior volume de vencimentos de títulos prefixados
que costuma ocorrer no começo de cada trimestre. Apenas
esse resgate somou R$ 74,8 bilhões, respondendo por toda a
redução ocorrida em julho.
Olhando para um horizonte
mais longo, porém, é possível
notar que, independentemente
de fatores sazonais, o Tesouro
tem optado por vender uma
quantidade menor de títulos
públicos no mercado. Entre janeiro e julho deste ano, o governo tirou de circulação R$ 110
bilhões em papéis, contra apenas R$ 6,5 bilhões no mesmo
período do ano passado.
De acordo com Guilherme
Pedras, responsável pelas operações da dívida pública no Tesouro Nacional, o aumento nos
resgates foi uma forma encontrada de escapar da alta que
tem se observado nos juros pagos pelos títulos do governo, reflexo da elevação da taxa básica
de juros (Selic) promovida pelo
Banco Central.
"O fato de a gente estar com
um superávit primário robusto
dá mais flexibilidade na administração da dívida", diz Pedras. Ou seja, com uma sobra
maior no caixa, o governo opta
por recomprar títulos que estão
em circulação no mercado, reduzindo o endividamento.
Selic
O motivo dessa escolha é o
aumento nos juros praticados
no mercado, que acompanham
a alta da Selic. De abril para cá,
o BC elevou a taxa básica da
economia de 11,25% ao ano para os atuais 13%, e a expectativa
é que novos aumentos ocorram
nos próximos meses.
Isso encarece a rolagem da
dívida pública, pois os juros pagos pelos papéis do Tesouro
costumam acompanhar a Selic.
No mês passado, os gastos do
governo federal com encargos
de seu endividamento somaram R$ 13,824 bilhões, valor
38% maior do que o observado
em julho do ano passado.
A maior parte dos papéis resgatados pelo Tesouro é de prefixados, que são mais afetados
pelas turbulências dos mercados. Títulos desse tipo chegaram a ser negociados a uma taxa de mais de 15% ao ano, acima
da Selic, por causa de dúvidas
dos investidores sobre até onde
o aperto monetário promovido
pelo Banco Central poderia
chegar.
No mês passado, os títulos
prefixados representavam
30,9% da dívida total do governo. Desde julho de 2006 essa
participação não atingia nível
tão baixo.
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