São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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Universalizar banda larga custará R$ 2,4 bi

Fornecedoras de acesso à internet rápida só têm interesse comercial em 62% dos municípios, aponta estudo

DA REPORTAGEM LOCAL

Apenas 62% das cidades brasileiras despertam interesse comercial das operadoras que vendem acesso à internet rápida. É o que revela um estudo feito pela Cisco e que serve de base para a estratégia de expansão da teles e para os programas de governo nessa área.
Com a aprovação do novo marco regulatório do setor (pelo Plano Geral de Outorgas e o Plano Geral de Regulamentação), as companhias serão obrigadas a promover a universalização da banda larga. Na prática, elas terão de construir uma rede de acesso, chamada de "backhaul", que interconectará todas as cidades do país.
Pelos cálculos da Cisco, será preciso investir R$ 1,28 bilhão só na construção dessas "estradas". O número também inclui a manutenção da rede. Para chegar a essa cifra, a empresa coletou todos os dados socioeconômicos das cidades brasileiras e estudou a infra-estrutura de telecomunicação em cada uma delas. "Depois disso, projetamos a demanda latente", diz Pedro Ripper, presidente da Cisco do Brasil. No caso, demanda latente é a previsão de conexões à internet rápida em cada cidade por qualquer das tecnologias disponíveis (rede fixa, rede móvel, satélite ou cabo, entre outras).
Cidades que estão mais distantes de outras já conectadas à internet rápida tendem a custar menos para as operadoras. Na Amazônia, essa distância é tão grande que a única tecnologia possível é o satélite.

Última milha
Além dos investimentos na construção dos "backhaul", as operadoras não querem a obrigação de levar o acesso a municípios onde não terão ganhos. Ainda não se sabe qual será o modelo a ser implantado nessas localidades. É possível que seja criado um fundo com recursos destinados pelo Fust, cobrado na conta mensal de cada consumidor dos serviços de telefonia, mas o governo teria de decidir se a banda larga será um serviço público, como são as chamadas telefônicas.
Outro problema é estabelecer a conexão entre o "backhaul" e as empresas, as residências e os órgãos públicos. Essa ponta, conhecida como "última milha", exigirá mais R$ 1,1 bilhão em investimentos. "A Anatel precisa regulamentar as regras desse jogo para saber quem fará esse investimento", afirma Ripper.
O "backhaul" interligará os municípios. A conexão entre os moradores de cada cidade e as centrais de acesso no município poderá ser feita pelas próprias operadoras ou por terceiros. "No serviço de voz, as operadoras levam os cabos das ruas para dentro das casa e cobram por esse serviço", diz Ripper. "É possível que outras empresas queiram dividir esses custos com as operadoras para oferecer esse serviço."
A americana Cisco é uma das empresas que mais se beneficiarão com essa expansão. São dela os equipamentos (roteadores e switches) que estabelecem as conexões entre as centrais de acesso à internet. Em outubro de 2007, a companhia envolveu-se em um escândalo de subfaturamento de preços dos equipamentos e, atualmente, responde a um processo judicial. (JULIO WIZIACK)


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