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Universalizar banda larga custará R$ 2,4 bi
Fornecedoras de acesso à internet rápida só têm interesse comercial em 62% dos municípios, aponta estudo
DA REPORTAGEM LOCAL
Apenas 62% das cidades brasileiras despertam interesse
comercial das operadoras que
vendem acesso à internet rápida. É o que revela um estudo
feito pela Cisco e que serve de
base para a estratégia de expansão da teles e para os programas de governo nessa área.
Com a aprovação do novo
marco regulatório do setor (pelo Plano Geral de Outorgas e o
Plano Geral de Regulamentação), as companhias serão obrigadas a promover a universalização da banda larga. Na prática, elas terão de construir uma
rede de acesso, chamada de
"backhaul", que interconectará
todas as cidades do país.
Pelos cálculos da Cisco, será
preciso investir R$ 1,28 bilhão
só na construção dessas "estradas". O número também inclui
a manutenção da rede. Para
chegar a essa cifra, a empresa
coletou todos os dados socioeconômicos das cidades brasileiras e estudou a infra-estrutura
de telecomunicação em cada
uma delas. "Depois disso, projetamos a demanda latente",
diz Pedro Ripper, presidente da
Cisco do Brasil. No caso, demanda latente é a previsão de
conexões à internet rápida em
cada cidade por qualquer das
tecnologias disponíveis (rede
fixa, rede móvel, satélite ou cabo, entre outras).
Cidades que estão mais distantes de outras já conectadas à
internet rápida tendem a custar menos para as operadoras.
Na Amazônia, essa distância é
tão grande que a única tecnologia possível é o satélite.
Última milha
Além dos investimentos na
construção dos "backhaul", as
operadoras não querem a obrigação de levar o acesso a municípios onde não terão ganhos.
Ainda não se sabe qual será o
modelo a ser implantado nessas localidades. É possível que
seja criado um fundo com recursos destinados pelo Fust,
cobrado na conta mensal de cada consumidor dos serviços de
telefonia, mas o governo teria
de decidir se a banda larga será
um serviço público, como são
as chamadas telefônicas.
Outro problema é estabelecer a conexão entre o "backhaul" e as empresas, as residências e os órgãos públicos.
Essa ponta, conhecida como
"última milha", exigirá mais R$
1,1 bilhão em investimentos. "A
Anatel precisa regulamentar as
regras desse jogo para saber
quem fará esse investimento",
afirma Ripper.
O "backhaul" interligará os
municípios. A conexão entre os
moradores de cada cidade e as
centrais de acesso no município poderá ser feita pelas próprias operadoras ou por terceiros. "No serviço de voz, as operadoras levam os cabos das ruas
para dentro das casa e cobram
por esse serviço", diz Ripper. "É
possível que outras empresas
queiram dividir esses custos
com as operadoras para oferecer esse serviço."
A americana Cisco é uma das
empresas que mais se beneficiarão com essa expansão. São
dela os equipamentos (roteadores e switches) que estabelecem as conexões entre as centrais de acesso à internet. Em
outubro de 2007, a companhia
envolveu-se em um escândalo
de subfaturamento de preços
dos equipamentos e, atualmente, responde a um processo judicial.
(JULIO WIZIACK)
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