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Múlti francesa vai produzir e vender fertilizante no país
Dreyfus fará parcerias e aquisições e pretende ter 8% do mercado em até três anos
Insumo, usado como moeda
de troca na compra de
safras, é considerado
estratégico; mercado deve
crescer 5,5% neste ano
Divulgação
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Usina de cana-de-açúcar Rio Brilhante (MS), que será inaugurada hoje pela Louis Dreyfus
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Louis Dreyfus, uma das
maiores empresas de commodities agrícolas do país, vai entrar no mercado brasileiro de
fertilizantes, setor que movimentou R$ 17 bilhões no ano
passado e deve crescer 5,5%,
em volume, neste ano.
De origem francesa, a Dreyfus quer produzir 2 milhões de
toneladas anuais de fertilizantes no Brasil em dois a três
anos, o que significaria participar hoje com 8% do mercado
brasileiro, estimado em 26 milhões de toneladas em 2008.
"A entrada no mercado de
fertilizantes é essencial para a
nossa cadeia de negócios", diz
Kenneth Geld, presidente da
Louis Dreyfus no país. O grupo,
que atua nos mercados de soja,
suco de laranja, açúcar e álcool,
algodão, café e milho, consome
140 mil toneladas por ano de
fertilizantes, volume que deve
subir para 200 mil toneladas
anuais até 2010.
Para entrar na produção e na
comercialização de fertilizantes, a Dreyfus, que estima faturar US$ 4,3 bilhões no país neste ano, está formando parcerias
com as chamadas misturadoras
nacionais, as empresas que
misturam nitrogênio, fosfato e
potássio para produzir fertilizantes ou adubos.
A idéia é ainda adquirir misturadora já existente no mercado brasileiro, "que pode estar
em áreas que vão do Rio Grande do Sul ao sul da Bahia". Cerca de 120 empresas misturam e
comercializam fertilizantes no
país -a maioria é formada por
misturadoras regionais.
O fertilizante é um insumo
importante e usado pelo setor
de commodities como moeda
de troca com safras futuras.
"Vemos esse mercado de escambo com grande potencial e
atuaremos com importação,
mistura e distribuição. Um terço da soja e do algodão é comercializado para os nossos concorrentes na base de troca."
O Brasil é mais importador
do que produtor dos três insumos usados para produção de
fertilizantes, segundo a Anda,
associação das empresas produtoras e comercializadoras de
fertilizantes. No caso do nitrogênio, a importação equivale a
70% do consumo brasileiro; no
do fosfato, a 50%; e, no do potássio, a 90%, diz a associação.
Mercado interno
Geld diz que o que mais motivou a Dreyfus a entrar no ramo
de fertilizantes foi a expansão
do mercado interno, provocada
pela alta do consumo de commodities, e a necessidade comercial de contar com esse instrumento para ajudar na compra de soja e de algodão. "Nossos concorrentes já fazem isso."
O presidente do grupo diz
que os preços dos fertilizantes
triplicaram nos últimos dois
anos e esse é um insumo "que
se tornou absolutamente crítico em termos de como ele é adquirido. Na medida em que o
produtor compra o insumo em
um momento, dada a grande alta de preço, ele fica entre o lucro e o prejuízo", afirma. A
Dreyfus quer que o Brasil e a
Argentina concentrem a produção de fertilizantes.
O Brasil, segundo a Anda, é o
quarto maior consumidor
mundial de fertilizantes, atrás
da China, Índia e Estados Unidos. Depois de enfrentar queda
de consumo em 2005 e em
2006 por conta da taxa de câmbio, ferrugem na soja e seca no
Rio Grande do Sul, o setor voltou a se recuperar em 2007 e
neste ano. Segundo a Anda, de
janeiro a julho deste ano, as entregas de fertilizantes somaram 13,9 milhões de toneladas,
um crescimento de 20% sobre
igual período do ano passado.
"A expectativa do setor é um
crescimento entre 5% e 5,5%
neste ano", afirma Eduardo Daher, diretor-executivo da associação. Com a expansão do consumo de fertilizantes no país, o
governo cogita definir políticas
para reduzir a dependência de
importação de insumos usados
na produção de fertilizantes.
"Até recentemente, quando
os preços dos fertilizantes estavam confortáveis, em 2005 e
2006, ninguém se comovia e
não investia no setor. Agora, a
situação é outra, por causa do
crescimento do agronegócio. O
Brasil quer desenvolver a produção dos três insumos usados
na produção de fertilizantes,
mas essa é política de mais longo prazo", afirma Daher.
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