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Estratégia de bancos para atrair clientes preocupa o governo
BC pede que instituições financeiras sejam mais cautelosas na abordagem de consumidores que nunca fizeram empréstimo
Prazo de financiamento
tem que ser compatível
com o da captação da instituição financeira, diz integrante do Banco Central
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma preocupação do Banco
Central é a estratégia usada pelos bancos para abordar clientes que ainda não fizeram algum tipo de empréstimo. Levados pela corrida contra a concorrência do sistema financeiro, trazem para o mercado de
crédito potenciais inadimplentes no futuro.
"A concorrência gera irresponsabilidade. De um lado, o
cliente tem que receber educação financeira para saber seu limite. De outro, a instituição financeira tem que ter responsabilidade", afirma o chefe do Departamento de Monitoramento do Sistema Financeiro e de Gestão da Informação do Banco Central, Cornélio Pimentel.
Crédito farto
A aposentada Edna Ferreira,
80, recebe regularmente telefonemas de uma funcionária de
sua agência do Banco do Brasil
com a oferta de crédito consignado. Na última abordagem, a
funcionária ofereceu um empréstimo de R$ 14 mil. A aposentada quase aceitou para
"ajudá-la", mas a filha interveio
e impediu que ela fizesse uma
dívida sem precisar.
"Não é de hoje que os bancos
não têm a menor prudência ao
conceder crédito, vide o cheque
especial e o crédito pessoal.
Basta abrir uma conta para já
ter aquele limite de crédito disponível -e com juros altíssimos, como são os do cheque especial. As taxas são muito altas,
e o banco não tem nenhuma garantia", critica Francisco Pessoa, da LCA Consultores.
Também é a concorrência
que leva financeiras e bancos a
oferecerem prazos de financiamento de automóveis acima de
cinco anos. Para Pimentel, do
Banco Central, o prazo de financiamento tem que ser compatível com o da captação da
instituição financeira. Se o banco comprar um CDB de cinco
anos, esse deveria ser o limite
do empréstimo, defende.
"Não faz sentido financiar
um veículo em 84 meses. Esse
problema está começando a tomar relevância. O prazo médio
para um carro é de 24 meses.
Faz em 80 meses quem não
tem renda", diz Pimentel.
Inadimplência
De acordo com dados do
Banco Central, o índice de inadimplência nas operações de
crédito pessoal estava em 5,1%
em abril, menor que os 5,8% registrados em janeiro de 2007.
Entram nessa conta as parcelas
com atraso superior a 90 dias.
Entre os que pegaram financiamento para a aquisição de
veículos, o índice de inadimplência para dívidas com atraso
acima de três meses estava em
3,4% em abril. Se forem considerados os empréstimos com
parcelas vencidas entre 15 e 90
dias, a inadimplência subirá para 7,4% do total.
No total, a inadimplência nos
empréstimos para pessoas físicas fechou abril em 7%, no caso
das dívidas com atraso superior
a 90 dias, e em 6,6%, quando se
consideram prestações vencidas entre 15 dias e 90 dias. Em
janeiro do ano passado, a inadimplência nos empréstimos
para pessoa física com atraso
acima de 90 dias estava em
7,5% do volume emprestado.
Já no caso dos financiamentos com atraso de 15 dias a 90
dias, os dados do BC mostram
que, em janeiro do ano passado,
a inadimplência estava em
6,6%. Subiram para 7,1% em
abril e recuaram para 6% em
dezembro, quando parte do pagamento do 13º salário costuma ser usado para colocar em
dia as dívidas em atraso.
Dados da Fecomercio-SP
(Federação do Comércio do Estado de São Paulo), divulgados
na semana passada, mostram
que o nível de inadimplência
em São Paulo ficou em 33%
neste mês, dois pontos percentuais acima de maio -no mesmo período do ano passado, o
índice era de 41%.
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