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Mal-estar sobre citação a nazista está superado, dizem americanos
DE GENEBRA
Dois beijos e uma conversa
amistosa. Foi o suficiente para
pôr fim ao mal-estar entre Brasil e Estados Unidos causado
pela referência a um ministro
nazista feita no sábado pelo
chanceler Celso Amorim, afirma a delegação americana. "O
assunto está totalmente superado", disse à Folha Sean Spicer, porta-voz da representante do Comércio dos EUA, Susan Schwab.
Segundo Spicer, Amorim e
Schwab conversaram no domingo à noite, durante o jantar
oferecido pelo diretor-geral da
OMC, Pascal Lamy, aos ministros que estão em Genebra para a negociação desta semana.
"Eles falaram no assunto e o
colocaram para trás. É história", disse o porta-voz.
O "assunto" foi a polêmica
citação feita por Amorim no sábado de uma frase de Joseph
Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler. Ao criticar a campanha de "desinformação" dos países ricos para
jogar a culpa pelo impasse nas
negociações nos emergentes, o
ministro das Relações Exteriores do Brasil disse que ela lembra Goebbels. "Uma mentira
dita muitas vezes se torna verdade", disse Amorim.
A comparação causou irritação entre os americanos, que a
consideraram "um insulto". No
encontro de mais de uma hora
ontem entre Schwab e Amorim, o assunto não foi sequer
lembrado, segundo diplomatas
dos dois países. Schwab, que é
filha de sobreviventes do Holocausto, também preferiu não
alimentar a polêmica durante a
entrevista coletiva que concedeu na OMC. Mas fez uma observação indireta.
"Não é o momento nem a semana para voltarmos à velha
retórica", Schwab. "Retórica
feita para perpetuar velhas divisões e criar novas."
No dia anterior, Amorim tinha usado uma imagem semelhante às avessas, afirmando
que os países ricos é que tentam dividir as nações em desenvolvimento.
Ontem, contudo, tanto brasileiros como americanos fizeram questão de colocarem a
polêmica de lado e se concentrarem na verdadeira disputa.
No segundo encontro entre
Amorim e Schwab, mais dois
beijos e a impressão de que tudo vai bem. Ao menos até a reunião de hoje, quando a negociação começará para valer.
(MN)
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