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EM TRANSE
Real fica vulnerável diante da seca de crédito internacional; cotação do dólar sobe e pressiona a inflação
Dependência externa cresce nos anos FHC
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso vai entregar a seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva,
um país economicamente muito
mais vulnerável do que aquele
que recebeu no início do seu
mandato, há oito anos. Indicadores calculados pelo Banco Central
mostram que a vulnerabilidade
externa do Brasil aumentou muito de 1995 para cá.
Isso explica vários problemas
enfrentados pela economia brasileira atualmente: a dependência
do capital estrangeiro leva à disparada do dólar, que, por sua vez,
pressiona a inflação. Para combater a alta dos preços, o governo
eleva os juros, o que inibe o crescimento econômico.
O governo aponta o resultado
recorde da balança comercial como sendo um dos indicadores de
que no Brasil, hoje, a vulnerabilidade externa do país já é bem menor do que no passado. A expectativa é que, neste ano, as exportações superem as importações em
mais de US$ 12 bilhões (contra
US$ 2,6 bilhões em 2001).
Mesmo assim, as exportações
ainda são consideradas insuficientes para cobrir os pagamentos
da dívida externa. Além disso, as
reservas em moeda estrangeira do
governo são muito baixas, aumentando a percepção de risco
por parte dos investidores.
Em 1995, primeiro ano do governo FHC, o serviço da dívida
externa (pagamentos de parcelas
da dívida, mais gastos com juros)
representava 38,9% das exportações brasileiras. Ou seja, para
honrar seus compromissos externos, o Brasil podia contar com
38,9% dos dólares obtidos com as
vendas de mercadorias ao exterior. Neste ano, essa proporção
subiu para 92,7%.
Hoje, a dívida externa representa 44,2% do PIB (Produto Interno
Bruto), contra 27,9% em 1995. Há
oito anos, as reservas internacionais eram suficientes para pagar o
serviço da dívida por 2,2 anos
-hoje, pagam nove meses.
Isso significa que, em momentos de crise, o país dependia menos, em 1995, de dólares originados de empréstimos e investimentos estrangeiros, pois podia
usar os recursos obtidos com as
exportações para pagar, com folga, suas dívidas.
Neste ano, isso já não aconteceu. O desaquecimento da economia mundial e a especulação que
rondou as eleições presidenciais
fizeram os estrangeiros fecharem
seus cofres para o país.
Como as exportações não eram
suficientes para gerar dólares para o pagamento desses compromissos, a cotação da moeda disparou. A desvalorização do real
derrubou as importações, que
caíram 8,5% entre janeiro e novembro. Ajudou nesse processo a
estagnação da economia, que reduziu a procura por importados.
Para enfrentar o problema da
vulnerabilidade externa, é preciso
que o Brasil consiga elevar suas
exportações, para poder, por conta própria, conseguir dólares para
honrar seus compromissos sem
depender do capital estrangeiro.
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