São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2008

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BID deve anunciar até US$ 300 mi para álcool

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o colombiano Luis Alberto Moreno, deve anunciar hoje nova verba da entidade para investimento em projetos brasileiros de álcool. A cifra não foi adiantada, pois o seu conselho se reúne pela manhã para aprovar o valor, mas as expectativas do mercado eram de entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões.
De qualquer maneira, a fatia a ser bancada por dinheiro do BID nos empréstimos será a maior já destinada por uma entidade multilateral à área de biocombustível no mundo. Marca ainda uma ofensiva do banco para separar os projetos que considera sustentáveis, como avalia que é o caso do programa bioenergético brasileiro, dos outros e, assim, sinalizar de que lado está no atual debate sobre a crise alimentar.
Nos últimos meses, o boom dos biocombustíveis vem sendo freqüentemente apontado como um dos bodes expiatórios pela alta dos alimentos por entidades multilaterais como a ONU. O problema, segundo os críticos, é desviar áreas destinadas a plantio de alimentos para a produção de álcool. Não é o caso do Brasil, defende o governo, que utiliza com o programa apenas 2% dessa terra.
Ao aprovar seus empréstimos -que o diário econômico "Financial Times" diz ser de US$ 260 milhões, com prazo de 15 anos e destinados a três novas usinas sendo construídas pela empresa brasileira Santelisa Vale e bancadas em parte por fundos privados norte-americanos-, o BID afirma que adotará critérios de análise de sustentabilidade e que só liberará verba para as que não agredirem o ambiente.
Em entrevista em abril do ano passado, Moreno disse que o banco avaliava a possibilidade de participar de três projetos de álcool no Brasil, a um custo total de US$ 570 milhões, e estudava outros cinco projetos ou transações do setor no país que, juntos, chegavam a US$ 2 bilhões. Na tarde de hoje, o presidente do BID embarca para o Brasil, onde se reúne com nove governadores de Estados do Nordeste em Teresina (Piauí).

Caribe
O anúncio acontece no mesmo dia em que o BID e a Organização dos Estados Americanos (OEA) reúnem produtores, membros do governo e investidores de biocombustíveis para uma série de conferências nas Bahamas. A América Central é vista pelas duas entidades e pelos dois maiores produtores de álcool do mundo, Brasil e EUA, como o palco ideal para novas parcerias e idéias no setor.
Os representantes locais do Brasil e dos Estados Unidos aproveitam o encontro para anunciar nova etapa do memorando de colaboração bioenergética entre os dois países.


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