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Tributo deve elevar preço de cruzeiros marítimos no país
Operadoras terão de pagar PIS/Cofins, e viagens podem ficar até 7% mais caras
Medida é resultado da
pressão do setor hoteleiro,
o qual alegava existir
concorrência desleal por causa
da diferença na tributação
ANDREZA MATAIS
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os cruzeiros marítimos pela
costa brasileira poderão subir
entre 5% e 7% por causa do aumento na carga tributária do
setor. A medida provisória 413,
convertida na lei 11.727 em junho, obriga as operadoras de
navios a pagarem 9,25% de PIS
(Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) sobre o valor das
remessas de dólares feitas ao
exterior para pagar o fretamento das embarcações.
O valor pago pelos pacotes
turísticos na temporada que
começa em novembro não deve
sofrer reajustes, porque os navios que farão essas viagens já
foram contratados. Mas, de
acordo com o diretor da Abremar (Associação Brasileira de
Representantes de Empresas
Marítimas), Adrian Ursilli, a
pressão de custos poderá ser
repassada ao consumidor mais
à frente, especialmente porque
o setor já enfrenta problemas
com o aumento no preço internacional do petróleo.
"Com a pressão do [preço] do
petróleo, esse não é o melhor
momento para um aumento
inesperado na carga tributária
do setor. Isso implicará quase
que certamente um aumento
de preços", disse Ursilli.
A medida é resultado da
pressão feita pelo setor hoteleiro, principalmente os resorts,
que alegavam haver concorrência desleal dos cruzeiros marítimos por causa da diferença na
tributação entre os dois setores. Alexandre Zubaran, presidente da Associação dos Resorts do Brasil, disse que a carga tributária que incide sobre a
hotelaria "é muito maior" do
que a dos cruzeiros e o resultado disso é que o setor perdeu
40% dos seus clientes para os
navios.
A decisão do governo, segundo ele, ameniza esse desequilíbrio, mas o ideal seria a redução
de impostos cobrados do setor
hoteleiro, sobretudo os encargos trabalhistas. A carga tributária sobre o setor é de 40%.
Na exposição de motivos da
MP 413, o governo chegou a falar na cobrança de IR (Imposto
de Renda) sobre as remessas
feitas pelas empresas que fretam os navios, mas a medida
não chegou a fazer parte nem
da MP nem da lei aprovada pelo
Congresso.
De acordo com o diretor da
Abremar, não houve discussão
do governo com a entidade para tratar da medida. A associação, depois de editada a MP, teve reuniões no Ministério do
Turismo, na Receita Federal e
com o relator da medida no
Congresso, o senador César
Borges (PR-BA), mas não conseguiu reverter a decisão.
"O caso já havia sido muito
bem costurado e o aumento da
tributação infelizmente se deu
por confirmado", diz Ursilli.
Voto vencido
O Ministério do Turismo
chegou a defender o veto, mas
foi voto vencido. A palavra final
acabou sendo dada pela Casa
Civil. A Abremar continua conversando com o governo para
tentar reverter a cobrança, que
começou em março. Já os resorts tentam convencer a Fazenda a desonerar a folha de
pagamento como forma de
equilibrar o setor.
Nos navios, apenas 25% dos
trabalhadores são contratados
de acordo com a lei brasileira. O
ganho de arrecadação para o
governo não deverá ser significativo. No ano passado, o setor
recolheu R$ 32,6 milhões em
impostos diretos e R$ 23,4 milhões sobre produtos consumidos por operadoras, passageiros e tripulantes, de acordo
com cálculos da Abremar.
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