São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2008

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Queda do petróleo afeta Petrobras, e Bolsa cai 1,85%

Copom deve elevar juro hoje; maioria espera alta de 0,5 ponto

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bovespa não conseguiu se beneficiar do dia positivo que o mercado acionário viveu nos Estados Unidos. A influência nociva da queda das commodities sobre as ações brasileiras mais negociadas puniu a Bolsa de Valores de São Paulo, que sofreu baixa de 1,85% e voltou a ficar abaixo dos 60 mil pontos -fechou a 59.647 pontos.
O recuo de 2,36% registrado pelo barril de petróleo em Nova York, que levou o produto a US$ 127,95, representou um fato positivo para o mercado norte-americano. Elevações do petróleo resultam em maior risco de pressão inflacionária e retração econômica. Em Londres, a queda foi de 2,31%. O efeito é inverso no Brasil, devido ao grande peso das ações da Petrobras na composição do índice Ibovespa, que representam quase 17% do total. O Ibovespa agrupa as 66 ações brasileiras de maior liquidez.
Nos pregões de baixa do petróleo, as ações da Petrobras costumam responder com queda: ontem as preferenciais da empresa caíram 3,43%, e as ordinárias perderam 3,21%. A baixa das ações da Vale, influenciadas pelo recuo das commodities, também prejudicou a Bovespa. A ação Vale PNA recuou 3,62%; a ON caiu 3,75%.
Wall Street viveu um dia de recuperação. A Bolsa eletrônica Nasdaq, dos papéis de empresas tecnológicas, subiu 1,07% e saiu do vermelho no acumulado do mês (está com alta de 0,48% em julho). O índice Dow Jones se valorizou em 1,18%. O começo dos pregões nos EUA foi negativo, com balanços trimestrais sendo mal recebidos. O índice Dow Jones chegou a recuar 0,70%. Mas a desvalorização do petróleo favoreceu a recuperação do mercado.
Além das Bolsas, o dólar teve um dia de recuperação. A moeda dos EUA se fortaleceu após declarações de Charles Plosser, que preside o Fed (banco central americano) regional da Filadélfia. Plosser sinalizou que uma elevação dos juros no país vai ser necessária em breve.
No Brasil, o dólar perdeu ímpeto no fim das operações e teve apenas leve alta de 0,06%, para encerrar vendido a R$ 1,579. Na máxima, o dólar bateu em R$ 1,587 (alta de 0,57%).
O aumento da chamada "posição vendida" em dólar dos investidores estrangeiros na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) ajuda a explicar que, mesmo em um dia de fortalecimento da divisa americana no exterior, o efeito no mercado local tenha sido reduzido. Quando as "posições vendidas" em dólar na BM&F sobem, indicam que os investidores estão mais confiantes na depreciação da moeda estrangeira.
Anteontem, essas posições eram de US$ 6,18 bilhões. Um mês atrás, estavam em US$ 4,97 bilhões. Ou seja, os estrangeiros têm apostado cada vez mais na baixa do dólar.
Hoje, após o fechamento do mercado, o Copom irá anunciar como fica a taxa básica Selic, que está em 12,25%. Apesar de a maioria do mercado estar posicionada à espera de uma elevação de 0,50 ponto percentual na taxa básica Selic, há economistas que defendem um ajuste mais forte nos juros brasileiros, de 0,75 ponto.
Joel Bogdanski, do banco Itaú, que prevê que a Selic será aumentada em 0,50 ponto percentual, afirma que "na última reunião do Copom havia motivos para aumentar o ritmo e isso não ocorreu". "O Copom optou por fazer o ajuste [na taxa Selic] de forma gradual e não se sabe até quando isso vai prosseguir. Pode ser necessário que as elevações se estendam por 2009... Não dá para afirmar hoje qual o tamanho do ajuste necessário", avalia Bogdanski.


Colaborou DENYSE GODOY, da Reportagem Local


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