São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 2006

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Mercado cai após ensaiar recuperação

Bolsa termina pregão com queda de 1,06%, depois de registrar valorização de 2,93%; dólar fecha a R$ 2,292, alta de 0,13%

Discurso do presidente do Fed fica aquém do esperado, e investidor volta a vender ativos de emergentes, como ações e moeda brasileiras

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Parecia que o dia seria de recuperação no mercado financeiro, após a segunda-feira marcada por fortes perdas em todo o mundo. A Bovespa chegou a subir 2,93%. O dólar marcou baixa de 1,66%, vendido a R$ 2,251, no melhor momento do dia. Mas, no fim da tarde, o pessimismo e a cautela voltaram a abalar os negócios. O resultado foi a queda de 1,06% registrada pela Bolsa, e a alta de 0,13% do dólar diante do real.
A falta de novidades no discurso do presidente do Fed (o banco central dos EUA), Ben Bernanke, feito ontem no Congresso, foi a justificativa para a retomada da venda de ativos de emergentes. Investidores esperavam que Bernanke desse algum sinal mais claro sobre o futuro da política monetária.
O dólar encerrou as operações vendido a R$ 2,292, maior valor em quatro meses.
O mercado acionário americano também sofreu: a Bolsa de Nova York caiu 0,24%, e a Nasdaq, 0,65%. Na Europa, o mercado fechou antes da virada. A Bolsa de Londres subiu 2,64%.
O temor de que os juros seguirão em alta nos Estados Unidos é o principal motivador da atual turbulência.
"O movimento de hoje [ontem] sugere falta de confiança. Na ausência de notícias relevantes, o mercado voltou a cair", afirma Luís Fernando Lopes, economista-chefe do Pátria Banco de Negócios.
O risco-país fechou praticamente estável, a 276 pontos.
O departamento de estudos econômicos do Bradesco divulgou na manhã de ontem relatório em que dizia que o evento mais importante do dia seria o discurso do Bernanke. "Caso ele dê alguma sinalização sobre a política monetária americana, os mercados terão espaço para uma recuperação."
Bernanke assumiu o cargo ocupado por Alan Greenspan no ano passado e sofre críticas de que não se comunica bem com o mercado.
Com a saída expressiva de estrangeiros do mercado brasileiro, a Bolsa se distancia cada vez mais de seu recorde histórico do dia 9 (41.979 pontos). Desde lá, a Bolsa caiu 13,98%. Os estrangeiros respondem por cerca de 40% dos negócios da Bovespa. Lopes diz que investidores locais compraram ações ontem esperando a volta dos estrangeiros, em vão.
A venda de ações fez com que o balanço mensal das operações realizadas com capital externo saísse de um saldo positivo de R$ 1,03 bilhão no dia 10 para um negativo de R$ 907,78 milhões no dia 19. E esses números pioraram ainda mais nesta semana, fazendo de maio o pior mês em um ano.


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