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Ibama exige depósito de lixo radioativo para liberar Angra 3
Medida está entre as 65 condições impostas pelo órgão para a construção da nova usina, que recebeu licença prévia ontem
Para Carlos Minc, sistema empregado hoje é "precário e inadequado'; governo avalia que exigências não comprometerão obras
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Entre as 65 condições gerais
e específicas apresentadas ontem para liberar a licença ambiental à usina nuclear de Angra 3, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis)
exigiu um depósito para os rejeitos radioativos diferente do
destino dado atualmente ao lixo gerado pelas usinas de Angra
1 e 2. Esse depósito final deverá
começar a ser construído até
2014 para que a nova usina nuclear comece a operar no prazo
previsto pelo governo.
Ao anunciar as exigências
feitas pelo órgão ambiental, o
ministro Carlos Minc (Meio
Ambiente) condenou a forma
de acondicionamento dos rejeitos de alta radioatividade adotado pelas duas primeiras usinas nucleares. "O método é
precário e inadequado."
O combustível nuclear usado
em Angra 1 e Angra 2 é substituído a cada ano e meio e acondicionado em piscinas de resfriamento no interior das usinas. Esses rejeitos emitem radiação por milhares de anos.
Conforme a Folha noticiou
em maio, o governo já estuda a
criação de um depósito permanente para o lixo das usinas nucleares. Ontem, o presidente da
CNEN (Comissão Nacional de
Energia Nuclear), Odair Dias
Gonçalves, disse que o destino
final para os rejeitos depende
da definição de quantas novas
usinas serão construídas depois de Angra 3. Os planos oficiais prevêem a construção de
pelo menos mais quatro usinas
nos próximos anos.
"Os rejeitos de 20 usinas podem ser guardados num depósito subterrâneo do tamanho
de um campo de futebol, com 5
m de profundidade", calculou.
"Não estamos parados."
Numa análise preliminar, a
Eletronuclear avalia que exigências do Ibama não representam obstáculo à obra. Segundo Luiz Messias, superintendente da estatal responsável pelo empreendimento, é
possível começar a construir
um depósito final para os rejeitos até o início de operação de
Angra 3. A estatal tampouco resiste ao monitoramento ambiental independente determinado pelo Ibama. O superintendente prevê que a análise
detalhada das condições lançadas pelo Ibama deve consumir
até um mês e meio. Embora a
licença prévia concedida ontem fixe "prazo mínimo" de
120 dias para a próxima etapa
do licenciamento, o presidente
do Ibama, Roberto Messias,
disse que autorização para o
início das obras (licença de instalação) poderá ser concedida
num prazo menor.
O ministro Edison Lobão
(Minas e Energia) defende o
início das obras ainda em setembro. "O problema agora é
da Eletronuclear, mas é possível começar a obra em setembro", afirmou Minc, insistindo
em que não cabe a ele ser otimista ou pessimista em relação
aos prazos. Adversário histórico da energia nuclear, Carlos
Minc reiterou que a decisão de
retomar a construção da usina
nuclear, paralisada em 1986, já
havia sido tomada pelo governo quando assumiu o posto de
ministro. Ele estima que as
condições feitas pelo Ibama deverão custar R$ 100 milhões. O
custo da conclusão da usina foi
calculado em R$ 7,33 bilhões,
além do R$ 1,5 bilhão já gasto
no projeto, sobretudo com a
compra e manutenção de toneladas de equipamentos.
O Ibama exige da Eletronuclear até R$ 50 milhões para
programas de saneamento nos
municípios de Angra dos Reis e
Parati. Determina que a estatal
assuma também os custos de
manutenção do Parque Nacional da Bocaina e da Estação
Ecológica Tamoios.
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