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BID sinaliza apoio ao álcool com investimento recorde
Banco regional elege Brasil como modelo ao destinar US$ 269 mi a três usinas
Nos últimos meses, órgãos como FMI, ONU e Bird têm
atribuído aos biocombustíveis parte dos aumentos nos preços dos alimentos
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O BID (Banco Interamericano de Investimentos) resolveu
mandar um recado aos que culpam os biocombustíveis pela
alta nos preços dos alimentos
ao investir pesado nos primeiros e escolher o Brasil como
país-modelo. Ontem, ele aprovou um empréstimo de US$
269 milhões para três usinas de
álcool em MG e GO.
A instituição diz que a cifra é
recorde de investimento no setor para um banco de desenvolvimento. Soma-se ao total US$
379 milhões que o BID ajudará
a levantar em bancos comerciais. No fim do projeto, afirma
o banco, o investimento total
será de US$ 1,1 bilhão.
"É importante diferenciar
[os projetos] que são sustentáveis dos que não são", afirmou o
presidente do BID, Luis Alberto Moreno, em almoço com jornalistas brasileiros na sede da
entidade, em Washington.
"Não se trata de dizer que os
biocombustíveis são bons ou
maus", disse o colombiano, que
chegará hoje ao Brasil para visita de seis dias ao país.
"É o reconhecimento do BID
de que a cana-de-açúcar é uma
das melhores matérias-primas
para produzir combustível renovável", disse à Folha Joel
Velasco, representante-chefe
na América do Norte da Unica,
a União da Indústria de Cana-de-Açúcar. Nos últimos meses,
entidades multilaterais como o
FMI (Fundo Monetário Internacional), o Bird (Banco Mundial) e a ONU vêm criticando a
explosão de programas de biocombustível e colocando neles
parte da culpa pela alta recente
dos preços de alimentos. Danos
ambientais são outra preocupação apontada.
O Brasil e os EUA são os dois
maiores produtores de álcool,
embora a matéria-prima brasileira seja a cana-de-açúcar,
considerada muito mais eficiente que o milho, utilizado
pelos americanos. O governo
brasileiro defende que menos
de 2% da terra agricultável é
utilizada pelo programa.
As usinas escolhidas pelo
BID para fazer seu maior investimento são consideradas
exemplos "avançados" de produtividade, sustentabilidade e
adequação ambiental, segundo
Warren Weissman, chefe de finança corporativa do banco.
Prontas, elas produzirão 420
milhões de litros de álcool por
ano -naco significativo da produção brasileira atual, de 17 bilhões de litros por ano.
Além disso, gerarão a sua
própria eletricidade com a
queima do bagaço e poderão
abastecer até 400 mil residências com o excedente. Quem
comanda a construção é a
Companhia Nacional de Açúcar e Álcool, constituída pela
brasileira Santelisa Vale, por
fundos privados americanos e
pela Global Foods, registrada
nas Antilhas Holandesas.
Segundo Moreno, o projeto
foi aprovado por unanimidade
na diretoria do banco -são 47
os países-membros, dos quais
26 de América do Sul, América
Central e Caribe, que são acionistas majoritários; EUA, Canadá, Israel, Japão, Coréia do
Sul e 16 países europeus participam como não-mutuários.
Era dos últimos que se esperava oposição. "Os brasileiros já
fazem isso há muitos anos, o
que existe aqui é uma grande
oportunidade", disse Moreno.
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