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Grande comprador tem preço menor
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da Eletrobrás,
Luiz Pinguelli Rosa, diz que as negociações com a Albrás e a Alumar estão sendo feitas em comum
acordo com a Eletronorte, e que
ambos os lados têm interesse em
renovar os contratos.
Em entrevista à Folha, Pinguelli
disse que a Eletronorte enfrenta
uma inadimplência crônica das
distribuidoras da energia da região Norte e a renovação dos contratos com a Albrás e a Alumar,
sem subsídio de preço, é uma
chance de capitalizar a estatal.
Segundo ele, as empresas terão
algum desconto no preço da energia em relação ao valor que é cobrado das demais indústrias.""O
grande comprador tem preço menor, mas não haverá subsídio."
Pinguelli Rosa não falou em cifras (o valor em negociação é da
ordem de US$ 25 por MWh), mas
disse que a orientação do governo
federal é não inviabilizar o investimento empresarial para que as fábricas continuem no Brasil.
Folha - Os acionistas da Albrás e
da Alumar desistiram de construir
a hidrelétrica de Santa Isabel e
querem assinar um novo contrato
com o governo federal que lhes assegure energia por longo prazo.
Luiz Pinguelli Rosa - Acho uma
pena que não estejam sendo feitos
os investimentos necessários para
evitar o risco de um novo apagão,
mas a desistência de construção
da usina Santa Isabel é assunto do
Ministério das Minas e Energia,
não da Eletrobrás. Somos fornecedores de energia.
Folha - As indústrias de alumínio
terão preço de energia diferenciado das outras indústrias?
Pinguelli Rosa - Elas compram
em blocos grandes, e, no comércio, o grande comprador tem preço menor. Mas não haverá subsídio. A orientação do governo é de
que o preço a ser negociado não
pode inviabilizar o investimento
empresarial. O governo deseja a
expansão industrial e a manutenção das indústrias de alumínio.
Não cabe à Eletrobrás, que é uma
empresa do governo, inviabilizar
o setor.
Folha - Por que o governo não assina o contrato por prazo menor e
induz as indústrias a produzirem
sua própria energia?
Pinguelli Rosa - Se o setor privado tem dinheiro para investir em
energia, tudo bem, mas há um lado traiçoeiro neste raciocínio: algumas das licitações feitas pela
Aneel no governo anterior têm o
aproveitamento hidrelétrico mais
barato do Brasil e não é justo que a
energia mais barata vá para o setor industrial e que a mais cara fique com o resto da população.
É claro que o Estado não deve
fazer toda a energia de que as empresas precisam, mas a Eletronorte tem problemas sérios de receita
com as distribuidoras dos Estados
mais pobres da região Norte, que
são devedoras crônicas, ao passo
que a Alumar e a Albrás pagam
em dia. Uma fonte real de receita
para a Eletronorte é a venda de
energia para os eletrointensivos.
Folha - Soube que há interesse da
Eletronorte em comprar a concessão da usina Santa Isabel. Isto faz
parte das negociações com os grupos Alumar e Albrás?
Pinguelli Rosa - A Eletrobrás assumiu uma posição mais proativa
para aumentar sua presença no
mercado de energia. Podemos entrar em empreendimentos elétricos, se houver retorno financeiro
para a empresa. Não será mais como no passado, em que ela só entrava em negócios para ter prejuízo, a ponto de que podia ter sido
chamada de Eletrobrás Prejuízos
Sociedade Anônima. Isso acabou.
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