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Infra-estrutura avança pouco, diz indústria
Mesmo com o PAC, aplicações ficam abaixo do necessário para que não se comprometa o crescimento, afirma estudo
Levantamento estima em
R$ 108,4 bilhões por ano
investimento necessário;
neste ano, devem ser
aplicados R$ 86,6 bilhões
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), principal projeto do segundo mandato do governo Lula, foi insuficiente até agora para elevar os
investimentos em infra-estrutura ao patamar exigido pelo
país. Levantamento da Abdib
(Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base)
revela que o país precisa receber R$ 108,4 bilhões por ano. Só
assim, os sistemas de transporte, energia, saneamento e telecomunicações não se tornarão
obstáculos ao crescimento econômico. O país não tem conseguido cumprir a meta.
O estudo "Necessidade e
Realidade de Investimentos
em Infra-Estrutura" divulgado
ontem pela direção da Abdib,
em São Paulo, mostra que em
2007 a alocação de capital para
financiar projetos de infra-estrutura alcançou 77,6%, ou R$
84,1 bilhões. A previsão para
2008, segundo estimativas da
associação, é que seja possível
elevar um pouco esse porcentual: a 79,8% -R$ 86,6 bilhões.
Os números são ainda piores
caso sejam excluídos os setores
de petróleo e gás (dominados
por investimentos da Petrobrás -92,4% do total para o
segmento) e o de telecomunicações (o único a ser integralmente financiado por recursos
privados). As indústrias do petróleo e de telecom são as únicas a se aproximar dos volumes
de investimentos considerados
adequados pela Abdib.
A associação fez as contas e
descobriu que, excluídos os
dois setores, o investimento em
2007 foi de apenas R$ 33,2 bilhões, ou 64,2% da necessidade
em setores como o de transporte, energia elétrica e saneamento -esse, o pior de todos, com
cobertura de apenas 42,8% da
necessidade anual de investimento, estimada em R$ 10,5 bilhões. Para 2008, a situação não
é melhor, avalia a associação.
Os três setores da infra-estrutura devem, calcula a Abdib,
receber R$ 34,4 bilhões, aporte
que contempla apenas 64,2%
da necessidade do país. A associação lembra que, tomado o
atual ritmo de crescimento da
economia, essa é uma conta cumulativa. O investimento não
realizado no ano se soma à necessidade do ano seguinte, situação que amplia o esforço para alocar capital em infra-estrutura. A Abdib diz que, ao não
atender à necessidade de investimento, o Brasil mantém gargalos que seguram o país.
Vácuos
Vácuos de regulação em alguns setores como saneamento, gás natural, portos e aeroportos ainda contribuem para
inibir investimentos, principalmente do setor privado. Além
disso, a burocracia do Estado
brasileiro ainda torna a execução do PAC mais lenta e mantém o descompasso entre a necessidade de investimentos em
infra-estrutura e o ritmo com
que os projetos saem do papel.
"É menor a velocidade da
gestão do orçamento público e
esse é o grande entrave para a
implantação do Programa de
Aceleração do Crescimento. É
fundamental revisitar o sistema burocrático do Estado e
criar um novo modelo de gestão", afirma Paulo Godoy, presidente da Abdib. Embora o
PAC organize as prioridades de
investimento em todo o país, a
execução enfrenta um rito lento no setor público.
Acelerar o PAC é uma das
medidas mais importantes para fazer com que o Brasil cumpra a cifra de R$ 1,08 trilhão de
investimentos em dez anos.
Embora o setor público possa ter performance melhor na
execução de projetos de infra-estrutura, os governos foram
responsáveis pela maior parte
do investimento em infra-estrutura no período de 2003 a
2007. Entre recursos orçamentários e de estatais, a Abdib
aponta que a esfera pública
bancou 56,5% do investimento
nos últimos cinco anos.
O setor privado atendeu a demanda brasileira por infra-estrutura com participação de
43,5% do total de R$ 338,3 bilhões, de acordo com os cálculos da associação.
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