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Aumento no preço da carne bovina preocupa o governo
Reinhold Stephanes, da Agricultura, diz que o país precisa ter cuidado com a alta
Preço baixo nos últimos anos levou a grande abate de fêmeas e à redução na oferta de bezerros; agora, faltam bois para o abate
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A forte alta nos preços da carne bovina já começa a preocupar o governo. Essa elevação,
além de ter impacto interno,
afeta o mercado de países importadores, "que já estão perguntando por que a carne sobe
tanto". A afirmação é do ministro da Agricultura, Reinhold
Stephanes.
Entre os países que já começam a sentir os efeitos dessa alta, estão Irã e Argélia, que podem reduzir o consumo interno. "Temos de ter um certo cuidado [com essa evolução dos
preços]", afirmou o ministro.
Os preços baixos da arroba de
boi nos últimos anos provocaram o abate de fêmeas em ritmo acima do normal. Com isso,
houve redução na oferta de bezerros e, conseqüentemente,
de bois prontos para o abate. A
redução da oferta de animais
prontos para o abate vem pressionando os preços, que já chegaram a R$ 96 por arroba, conforme mostrou ontem a Folha.
Ontem, o mercado fechou
em baixa. A arroba recuou para
R$ 94. Essa queda já se deve às
dificuldades de repasse, ao varejo, das recentes altas de preços, diz o Instituto FNP.
Diante da demanda mundial
forte pela carne e o constante
aumento interno de preços,
Stephanes diz que o país deve ir
devagar, inclusive com a retomada das vendas para a União
Européia. "Se nós efetivamente voltarmos a exportar no
mesmo volume anterior para a
União Européia, não vamos ter
bois suficientes e o preço vai
ainda mais para cima."
As manifestações do ministro ocorreram ontem, em São
Paulo, no seminário Perspectivas para o Agribusiness em
2008 e 2009, patrocinado pelo
Ministério da Agricultura e pela BM&F Bovespa.
Preço bom, custo alto
O encontro mostrou, ainda,
que o setor agrícola pode ter
um novo calcanhar-de-aquiles
daqui para a frente. Enquanto
os ministros anteriores -Roberto Rodrigues e Luís Carlos
Guedes Pinto- administraram
uma agricultura endividada e
sob os efeitos de preços baixos e
de câmbio desencontrado entre plantio e colheita, Stephanes terá à frente uma agricultura dominada por preços bons
para o produtor, mas com custos bastante elevados.
Esses custos podem fazer
com que os produtores percam
rentabilidade, apesar dos preços altos. "Isso ainda não está
ocorrendo, mas estamos atentos aos custos", diz o ministro.
E o principal custo neste momento é o dos adubos e fertilizantes, "setor que parou de ser
apenas preocupação do ministério, mas também do governo", diz ele. O ministro diz que
está sendo feito um convite para empresas nacionais e cooperativas entrarem na produção
de fertilizantes para diminuir a
dependência nacional das importações.
Com o novo plano de safra, a
ser divulgado no início de julho,
o governo espera que as medidas favoreçam o aumento da
área cultivada de 3 milhões a 5
milhões de hectares.
Entre as medidas, está a redução dos juros para apenas
5,75% nos investimentos em
áreas degradadas. Essa contribuição virá do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), "que vai
colocar, inicialmente, R$ 1 bilhão para recuperação de áreas
degradadas a juros que possivelmente serão negativos",
afirmou Stephanes. Os pequenos produtores também terão
juros diferenciados, de 2%, segundo o ministro.
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