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Para Wall Street, BC está sem opções
DE WASHINGTON
Na última sexta-feira, era disseminada em Wall Street a sensação
de que se esgotaram os instrumentos à disposição do Banco
Central do Brasil para rolar a dívida do governo federal atrelada à
variação do dólar.
Na opinião de analistas e estrategistas de investimento de corretoras e grandes bancos, o sinal
desse esgotamento foi o leilão de
títulos cambiais realizado para satisfazer o apetite dos investidores
por títulos com prazo curtíssimo
e com proteção ampla.
Analistas comentavam que, ao
estabelecer o resgate desses papéis em 20 de novembro deste
ano, o governo inaugurou um novo tipo de título, o papel "com
proteção eleitoral" ou "papel de
fim de governo", com vencimento ainda no mandato de FHC.
Esses papéis, segundo eles, seriam retratos fidedignos de um
momento difícil para o BC. Um
momento para o qual restaria
apenas uma solução quanto à rolagem da dívida mobiliária: a
emissão de títulos cada vez mais
curtos, com prêmios altos e garantias amplas.
A não ser que haja uma mudança nos quadro econômico ou eleitoral no Brasil, os investidores dizem que não vão colocar em carteira papéis que devem ser pagos
pelo próximo governo.
Além disso, lembram que já
mostraram ao governo um apetite reduzido com relação às modalidades de rolagem ofertadas nos
últimos quatro meses, como mostra uma simples cronologia.
Primeiro, o governo tentou rolar a dívida em dólar por meio da
oferta de contratos de swaps (trocas) cambiais conjugados a títulos
pós-fixados. Decepcionado, o governo descobriu que havia demanda pelo swap cambial, mas
não pelos títulos pós-fixados.
Diante desse desinteresse, o Banco Central anunciou e realizou em
maio o primeiro leilão de contrato
de swap cambial solteiro, desvinculado da venda de LFT.
Um desses swaps tinha prazo
mais curto do que todos os utilizados para a rolagem da dívida
cambial até então - maio de
2003. Mas eram longos comparados às notas ofertadas na sexta-feira, que vencem antes do final
do governo FHC, rendem juros
reais mais a variação do dólar.
Para alguns analistas, parte importante das dificuldades atuais
se originou dos papéis cambiais
emitidos pelo governo no ano
passado para "irrigar" e dar liquidez ao mercado.
Esses papéis foram essenciais
para conter a alta do dólar durante a crise argentina. Mas estão começando a vencer num momento
de instabilidade política, em que o
apetite dos investidores é pequeno. Haverá uma acúmulo de vencimentos de US$ 16 bilhões desses
papéis entre julho e agosto.
(MARCIO AITH)
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