São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Resultado engloba os 20 primeiros dias deste mês e é atribuído à desconfiança em relação ao futuro

Estrangeiro tira R$ 769 mi da Bolsa em junho

DA REPORTAGEM LOCAL

As turbulências atuais do mercado financeiro fizeram com que R$ 769,347 milhões em investimentos estrangeiros deixassem o mercado de ações apenas nos primeiros 20 dias deste mês.
Como resultado, o saldo acumulado no ano, até o dia 20, está negativo em R$ 147,185 milhões. Esse saldo só havia ficado no vermelho uma vez neste ano, em janeiro, quando houve saída de R$ 97,375 milhões.
O resultado é atribuído às dúvidas em relação a um possível calote do Brasil no pagamento de sua dívida externa e das consequentes análises negativas para o país feitas pelas agências de avaliação de risco Moody's e Fitch.
"Esse resultado era esperado. Se a saída de recursos não tivesse sido tão forte, a Bolsa não teria caído tanto", avalia Michel Campanella, da Socopa. Nos primeiros 20 dias de junho, o Ibovespa acumulou queda de 15%. Até ontem, a queda já está em 16,76%.
Segundo Álvaro Bandeira, da corretora Ágora, recursos estrangeiros estão deixando a América Latina e caminhando para países da Ásia.
Ontem a Bolsa paulista fechou em baixa modesta, de 0,5%. O giro financeiro ficou em R$ 665,208 milhões. Segundo Campanella, as ações da Petrobras impediram que a queda fosse maior. A ação preferencial da empresa subiu 8,3%. As companhias do setor de telecomunicações, bastante endividadas em dólares, caíram bastante. Net PN (ex-Globo Cabo) teve baixa de 13,4% e Embratel ON, de 10,7%.
Ontem a Fitch rebaixou a nota dada para as empresas brasileiras.
Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), as projeções para os juros subiram apenas no curto prazo. Nos contratos mais negociados, de janeiro de 2003, os juros passaram de 25,58% para 25,09%. Como as projeções para as taxas já estão muito elevadas -a taxa básica de juros da economia está em 18,5% ao ano-, a queda não significa dizer que esse mercado está tranquilo.
Para o dólar futuro foram negociados 131,16 mil contratos ontem, número recorde do mês. O maior volume no ano foram os 194,43 mil contratos em 29 de abril. As projeções para o dólar de julho até outubro subiram por volta de 1,5% ontem.
Os C-Bonds, títulos da dívida externa brasileira, caíram 2,8%, após a forte alta de 9,2% anteontem. (ANA PAULA RAGAZZI)


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