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Empresários brasileiros dão apoio à nova proposta
Para a indústria, pré-acordo da OMC protege setores mais sensíveis do país
Fiesp vê chance de "expansão de oportunidades comerciais'; setor agrícola afirma que negociação está aquém do esperado, mas traz avanços
DE GENEBRA
O esboço de acordo apresentado ontem na OMC (Organização Mundial do Comércio)
foi bem recebido pelos representantes dos setores agrícola e
industrial que acompanham as
negociações em Genebra, mas
com algumas restrições. Embora esteja aquém da ambição original de abertura de mercados
prevista quando a Rodada Doha foi lançada, em 2001, uma
posição realista leva à conclusão de que os benefícios justificam o preço a ser pago.
Para Pedro Gabriel Betancourt, da Anfavea (Associação
Nacional de Fabricantes de
Veículos Automotores), a diplomacia brasileira soube proteger os setores mais sensíveis
da indústria. Pela proposta
apresentada ontem, o Brasil
poderá proteger 14% de sua indústria com cortes tarifários
menores que a média. Sendo o
setor com a maior tarifa aplicada no Brasil, de 35%, o automotivo seria atingido em cheio se
não fosse considerado "produto sensível".
A exigência de europeus e
americanos de incluírem acordos setoriais com os países
emergentes, com o objetivo de
ganhar mercados nos setores
que mais lhe interessam, preocupava a indústria. Entre os alvos prioritários, estão as áreas
automotiva, química e de eletroeletrônicos.
Betancourt disse que a insistência dos europeus em baixar
as tarifas do setor automotivo
em países como o Brasil é difícil
de entender, já que seus maiores fabricantes estão instalados
nos países. "É um tiro no pé",
afirma. A pressão européia, puxada pela Alemanha, é "inclemente", acrescenta. No Brasil,
o único fabricante alemão de
carros ausente é a BMW.
No setor agrícola, há uma
avaliação antiga de que o nível
de ambição original da Rodada
Doha já estava comprometido.
Isso permite uma posição realista. Embora a oferta americana de limitar seus subsídios
agrícolas a US$ 14,5 bilhões
anuais seja considerada insuficiente, pois é um volume duas
vezes maior que o concedido
hoje, ela foi vista como uma disciplina valiosa para o futuro.
"É importante como um seguro contra o protecionismo no
futuro", diz o diretor do Ícone
(Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais), André Nassar. "O
acordo ficou aquém da expectativa, mas o preço a ser pago
pelo acordo é razoável."
Foco
Luiz Claudio Carmona, do
Ministério da Agricultura, lembra que o importante não é o teto geral de subsídios concedidos pelos EUA, mas o limite por
produto, que ainda está sendo
discutido. O foco está nos produtos que o Brasil mais exporta, arroz, milho, soja e algodão.
Com a queda da ajuda dos
EUA, o Brasil poderá ganhar
maiores fatias nos cada vez
mais importantes mercados da
Ásia, pois os produtos dos EUA
perderão competitividade.
O diretor de negociações internacionais da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), Mário Marconini,
lembra as vantagens políticas
de um acordo global também
não podem ser desconsideradas. "É importante para fortalecer a OMC e consolidar a inserção do Brasil na economia
mundial", diz Marconini.
O presidente da Fiesp, Paulo
Skaf, divulgou nota afirmando
que, caso o pré-acordo seja ratificado, "a conseqüência, para o
Brasil, será uma expansão de
oportunidades comerciais".
"Embora alguns segmentos
da indústria brasileira possam
ser afetados com os cortes das
alíquotas, o país e a sociedade
serão beneficiados com maior
crescimento econômico gerado
a partir de novas oportunidades", afirmou Skaf.
De acordo com a entidade, a
decisão de ontem "representa
uma concessão real de acesso
ao mercado".
(MARCELO NINIO)
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