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Embratel faz ataque duro à venda da BrT à Oi
Empresa contesta negócio em documento à Fazenda
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A Embratel fez veementes
críticas à compra da Brasil Telecom pela Oi, em documento
entregue à Seae (Secretaria de
Acompanhamento Econômico), do Ministério da Fazenda,
que já começou a examinar o
impacto da aquisição sobre a
concorrência no mercado de
telecomunicações brasileiro.
Para a Embratel, as duas teles
não conseguiram provar que a
venda é boa para os usuários.
Controlada pelo grupo mexicano Telmex, a Embratel rebate ponto por ponto, no documentos, as alegações da Oi e da
BrT ao solicitar a aprovação da
compra aos órgãos de defesa da
concorrência. A Folha teve
acesso à manifestação da Embratel, que não pediu a impugnação do negócio apesar das
críticas.
O principal argumento apresentado por Oi e BrT é o de que
a convergência das tecnologias
mudou o regime de concorrência no setor e de que é preciso
aumentar a escala de atuação
da empresas. ""A convergência
é uma tendência, mas não justifica a aprovação do ato de
concentração. Não pode ser
usada como salvo conduto",
respondeu a Embratel.
A existência de um movimento mundial de concentração de empresas de telefonia
também não justifica, no entendimento da Embratel, a
aprovação da compra. No pedido de aprovação do negócio,
BrT e Oi lembram que nos EUA
restam três das sete Baby Bells
(empresas menores criadas
com o desmembramento da
AT&T, em 1984) devido ao processo de consolidação, e que na
Europa 15 grandes teles se juntaram em quatro.
Segundo a Embratel, os processos nos EUA e na Europa
não podem ser comparados ao
caso brasileiro porque os governos daqueles países impuseram sérias medidas para estimular o aparecimento de novos competidores, que não estão implantadas no Brasil.
Outra justificativa apresentada para a aquisição é o domínio dos grupos Telmex (mexicano) e Telefónica (espanhola)
na América Latina. Segundo a
Embratel, este fato também
não justificaria uma empresa
ter atuação em 97% do território brasileiro.
A Embratel é a maior concorrente das concessionárias
de telefonia fixa e, por decorrência, deve ser a empresa mais
atingida pela compra da Brasil
Telecom pela Oi.
A empresa, na manifestação
encaminhada à Seae, lembra
que a operação não é permitida
pela legislação atual e, portanto, o pedido prévio de aprovação do ato de concentração, feito pelas duas teles, seria ""um
ato singular e avassalador"".
No pedido de aprovação do
negócio, as teles alegam que a
aquisição não afetará a concorrência porque elas atuam em
áreas distintas do país. Em resposta a este argumento, a Embratel afirmou que as concessionárias de telefonia local
"recusaram-se, tacitamente, a
competir" na região da outra.
Ao pedir a aprovação da
compra, as duas teles alegam
que a nova empresa terá faturamento comparável aos dos
grupos Telefônica e Telmex no
Brasil. A Oi, caso incorpore a
BrT, ficará com uma receita
anual de R$ 29,3 bilhões, contra R$ 20,5 bilhões do grupo
mexicano e R$ 41,5 bilhões do
grupo Telefônica.
A Embratel questiona a origem dos dados e o responsável
pelo estudo citado pelas teles.
Diz que as companhias telefônicas fixas locais prestam serviços baseados na plataforma
de internet, a custos menores e
com opções de velocidade mais
altas do que às de sua rede, Embratel.
""Com a aquisição da BrT, e,
consequentemente, com a eliminação da BrT, a Oi terá mais
poder de mercado e poderá,
sem contestação, fixar preços
que lhe dêem mais lucro", afirma o documento.
Outro lado
A Oi e a BrT não se manifestaram sobre o documento da
empresa. Até a conclusão desta
edição, os advogados das teles
não haviam tido acesso à documentação.
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