|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRABALHO
Na tentativa de diminuir custos e aumentar competitividade, indústrias acabam estimulando outros setores da economia
Emprego sobe em 16 regiões do interior de SP
DA REPORTAGEM LOCAL
O emprego industrial cresceu
em 16 das 24 regiões do interior
paulista pesquisadas pela Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). O levantamento, divulgado pela primeira
vez por região e obtido pela Folha, mostra o comportamento do
nível de emprego no período de
agosto de 2002 a agosto deste ano.
Na Grande São Paulo, das nove
regiões pesquisadas pelas diretorias da Fiesp, somente duas registraram desempenho positivo
-Diadema e Mogi das Cruzes.
A expansão de vagas com carteira assinada no interior paulista
não é entendida como sintoma da
tão propalada retomada da atividade econômica, mas foi sustentada por empresas ligadas principalmente à agroindústria e atividades direta ou indiretamente
voltadas à exportação.
"O que constatamos é que o emprego subiu no interior por causa
das exportações, e não do mercado interno", diz Clarice Messer,
diretora da Fiesp. "Mas, ao se instalar no interior para aumentar a
competitividade e elevar as exportações, a indústria também
acaba estimulando outros setores
da economia, como o de serviços
[hotéis e restaurantes, por exemplo]", afirma.
Entre as regiões que apresentaram melhores resultados na mão-de-obra industrial estão Marília,
Botucatu, Presidente Prudente,
Araraquara, Limeira, Franca, Jaú,
Piracicaba e Sorocaba.
"São áreas em que a cadeia produtiva está bem estruturada em
torno do agronegócio, seja pela
indústria que fornece máquinas
para a agricultura ou pela indústria de embalagem", diz José Silvestre, técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos
Sócio-Econômicos).
"A economia está se "interiorizando" porque os custos fora das
regiões metropolitanas são mais
baixos. Além disso, há uma integração maior entre a agricultura
moderna e a indústria", diz Silvio
Sales, coordenador da área de indústria do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na região de Marília, a federação das indústrias informa que a
empresa que mais se destacou foi
a de alimentos. A fábrica de biscoitos Marilan, por exemplo, instalada há 46 anos na cidade, contratou neste ano 200 empregados
e aumentou sua produção
-6.000 toneladas por mês- em
cerca de 30% em relação a 2002.
"As contratações foram resultado do lançamento de novos produtos e do aumento nas exportações", diz José Rubis Garla, presidente da empresa. Da produção
total de biscoitos, a fábrica exporta 2,5% para os Emirados Árabes
Unidos, China, Estados Unidos,
Porto Rico, Itália, Portugal e África do Sul.
"Nosso plano é ampliar para 4%
as exportações no próximo ano",
diz Garla. A Marilan emprega
1.300 funcionários diretos e 300
terceirizados, com salário médio
de R$ 700 -inclui benefícios.
Nas regiões de Botucatu, Limeira e Sorocaba, as indústrias metalúrgicas, metalmecânicas e de materiais elétricos e eletrônicos se
destacaram na contratação de
mão-de-obra. Em Franca e Jaú,
foi o setor de calçados que obteve
os melhores resultados, e, em Presidente Prudente, as empresas de
couros e peles.
"As fábricas que estão no interior são muitas vezes de menor
porte, mas intensivas em mão-de-obra. Mas não dá para falar em
"boom" de emprego no interior
sem crescimento econômico",
lembra Paula Montagner, gerente
da Fundação Seade.
Para o coordenador-técnico do
Dieese, Sérgio Mendonça, a criação de vagas formais no interior
do Estado e do país, como mostram os dados da Fiesp e do Ministério do Trabalho, é positiva.
"Mas é preciso verificar também a
qualidade desses empregos. É importante saber qual a renda desses
postos de trabalho". diz.
Economistas entendem que o
aumento do emprego no interior
pode estar ocorrendo porque a
renda diminuiu e, por isso, outras
pessoas da família tiveram de
buscar trabalho.
(CLAUDIA ROLLI E FÁTIMA FERNANDES)
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: "Pé de Meia": Exportação "salva" fábrica de calçados Índice
|