|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
54% das greves desde 2004 foram de servidores
Número total de paralisações teve alta de 4,7% em quatro anos, aponta Dieese
Funcionários públicos foram responsáveis por 82% das horas paradas; reajuste de salários é o principal motivo para os movimentos no país
Alan Marques - 15.jul.08/Folha Imagem
|
|
Funcionário dos Correios descansa em frente ao Palácio do Planalto durante greve ocorrida neste mês
DA REPORTAGEM LOCAL
O número de greves cresceu
4,7% entre 2004, quando o
Dieese iniciou estudo sobre as
paralisações realizadas no país,
e o ano passado. Das 1.237 greves que ocorreram nesse período, 54,4% foram feitas por funcionários públicos e de estatais.
Os servidores foram responsáveis por 82% das 28,5 mil horas paradas registradas no ano
passado, quando foram contabilizadas 316 greves, das quais
161 (51%) no setor público.
O principal item da pauta de
reivindicação das paralisações
ocorridas entre 2004 e 2007,
segundo levantamento do
Dieese, foi o reajuste salarial
-o que mostra a insatisfação
com os baixos salários no país.
Nas greves do funcionalismo,
outro item de destaque entre os
pedidos dos servidores é o relacionado ao plano de cargos e salários ou de carreiras.
Em cada 10 greves realizadas
no setor público no ano passado, 7 incluíram em sua pauta
demandas por novos direitos
ou melhoria nos benefícios já
conquistados. Já 37% das greves feitas pelo funcionalismo
foram defensivas -decretadas
em razão do descumprimento
de direitos em vigor ou pela
manutenção de benefícios.
Neste ano, os trabalhadores
do setor público devem manter
em suas pautas pedidos por novos benefícios. Caso dos empregados da ECT (Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos), que, após 15 dias úteis
de greve, conseguiram tirar do
governo o compromisso de recebimento do adicional de periculosidade, calculado sobre
30% do salário-base.
A maior duração das greves
no setor público pode estar relacionada, de acordo com os
técnicos do Dieese, ao fato de as
negociações serem mais complexas na administração pública -geralmente envolvem vários órgãos e instâncias de poder para analisar os pedidos e
encaminhar as propostas.
"O governo é um péssimo patrão. Se fosse bom empregador,
não teria tantas greves na atividade pública. Ninguém faz greve porque quer. Por conta da
estabilidade, o funcionalismo
também mantém greves mais
longas", diz Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral
dos Trabalhadores). Para ele, é
preciso garantir o direito de negociação coletiva no setor público, com a ratificação da convenção 151 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que regula, entre outros
pontos, o direito de greve dos
funcionários públicos.
Para Artur Henrique da Silva
Santos, presidente da CUT
(Central Única dos Trabalhadores), as greves ainda são instrumentos para melhorar as
condições para os trabalhadores. "Apesar de haver maior disposição do governo para negociar, é preciso pressionar para
não ficar, por exemplo, só com
a reposição da inflação. Não podemos esquecer que ocorreram
muitas greves nos últimos seis
anos. Em alguns dos acordos,
além de ter sido estabelecido
aumento real de salário para
este ano, foi fixado reajuste
também para o ano que vem."
(CR e FF)
Texto Anterior: Claudio Weber Abramo: Um risco a evitar Próximo Texto: Frase Índice
|