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ENERGIA
Para a entidade, aumento da oferta de eletricidade também deve contribuir
Consumo mais baixo deverá evitar racionamento, diz ONS
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Redução espontânea no consumo de energia após o racionamento, maior capacidade de geração termelétrica e mais linhas de
transmissão são fatores que vão
compensar o nível mais baixo dos
reservatórios e manter o abastecimento de energia no Nordeste em
2003, segundo o ONS (Operador
Nacional do Sistema Elétrico).
Ao fim do racionamento, técnicos do setor esperavam consumo
7% menor em relação ao que era
previsto antes do racionamento.
No acumulado do ano, a redução
está em aproximadamente 12%.
Em outubro de 2000, antes do
racionamento, a carga (consumo
de energia) no Nordeste foi de
6.149 MW médios. Neste ano, a
previsão é fechar o mês com 5.989
MW médios -2,6% menor. Em
novembro de 2000, o consumo
era de 6.221 MW médios e, para
novembro deste ano, a previsão é
6.048 MW médios.
A redução de consumo se deveu
a hábitos de economia adquiridos
durante o período do racionamento. Para cumprir as metas, a
indústria também substituiu
equipamentos por modelos que
gastam menos energia.
Também para a ONG Ilumina
(Instituto de Desenvolvimento do
Setor Elétrico), a redução do consumo é um fator preponderante
para a melhora no quadro tanto
no Nordeste quanto no Sudeste.
"A garantia quem está dando
mesmo é o mercado, que caiu para níveis de 1999 [o consumo de
energia". É como se tivéssemos
voltado no tempo, para 1999, é
uma diferença de mais ou menos
15% entre o que nós deveríamos
estar consumindo [de acordo
com a previsão pré-racionamento" e o que estamos consumindo",
disse Roberto Pereira D'Araújo,
diretor da ONG.
Segundo ele, três motivos contribuíram para o menor consumo: a recessão econômica, os efeitos educativos do racionamento e
o preço da energia. "A partir de
um certo nível de preço, as pessoas começam a cortar consumo", afirmou.
Mais energia
Em todo o país, de acordo com o
ONS, serão incluídos cerca de
7.000 MW de capacidade instalada de produção de energia neste
ano, aumentando para 75.370
MW a capacidade total do país
(incluindo apenas o Sistema Nacional Interligado).
Durante o ano de 2003, o ONS
espera que a região Nordeste tenha aumentado a sua capacidade
de geração que não depende de
água em 2.750 MW. Desses, 900
MW viriam de usinas termelétricas do programa prioritário
(PPT), 1.450 MW de usinas termelétricas emergenciais e 400
MW de energia eólica.
O ONS espera também poder
contar com mais energia vinda
das regiões Sudeste, Centro-Oeste
e Norte para o Nordeste. Atualmente, a capacidade de transmissão de energia é de aproximadamente 1.000 MW, podendo chegar a 1.300 MW em condições "estressadas" -nas quais o sistema
opera com mais risco de falha.
No final deste ano, o ONS conta
com a entrada em funcionamento
de uma linha de transmissão ligando a usina de Serra da Mesa
(GO) à Bahia. Em 2003, deverá ser
inaugurada mais uma linha ligando a hidrelétrica de Tucuruí (PA)
ao Nordeste.
No total, as linhas de transmissão vão aumentar em 1.200 MW a
capacidade de energia que pode
ser transmitida de outras regiões
para o Nordeste.
O ONS ainda não sabe se será ou
não necessário usar as termelétricas emergenciais -que geram
energia a um custo muito alto-
para garantir o abastecimento do
Nordeste em 2003.
A avaliação nesse momento seria prematura, porque a época é
de transição entre o período seco
e o de chuvas.
Racionamento
Por esses motivos -diminuição de consumo, aumento de
energia disponível e de linhas de
transmissão-, a direção do ONS
considera mínima a chance de racionamento de energia no próximo ano mesmo com os reservatórios que abastecem o Nordeste
apresentando níveis mais baixos
de acúmulo de água do que o verificado em outubro de 2000, época
do pré-racionamento.
Em outras palavras, em outubro
de 2000 os reservatórios que abastecem o Nordeste estavam mais
cheios, mas as condições estruturais e o consumo verificado na
época não permitiram que a região suportasse, sem o racionamento, a forte seca de 2001.
Segundo o ONS, a região apresentava na quinta-feira 26,8% da
capacidade total de armazenamento de volume de água útil,
19,8 pontos percentuais acima do
limite de segurança, que é quando
as usinas térmicas de emergência
teriam que ser acionadas.
Tanto o ONS quanto a Ilumina
afirmam que o risco de racionamento só surgirá se ocorrer, nos
próximos meses, uma seca muito
mais forte do que a que resultou
no racionamento iniciado no ano
passado.
Em relação aos baixos níveis de
água nos reservatórios que abastecem a região Norte, o ONS informou que o volume de água do
reservatório de Tucuruí, que representa 57,4% da capacidade total da região, foi reduzido devido
às obras de duplicação da capacidade de geração de energia da hidrelétrica que, segundo a ONS,
deve ter um acréscimo de 4.125
MW até 2006.
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