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Com real caro, metade das empresas deixa de exportar
Além disso, dois terços delas perderam mercado doméstico, diz pesquisa da CNI
Diante da maior competição com produtos importados, 97% das grandes empresas adotaram estratégias para melhorar seu desempenho
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A valorização cambial e abertura da economia provocaram
forte ajuste na indústria nacional, com menores vendas tanto
no Brasil como no exterior.
Pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) indica que dois terços das empresas brasileiras perderam mercado doméstico e metade das
companhias deixou de exportar ou perdeu participação lá
fora nos últimos 12 meses.
As importações do país, de
acordo com a pesquisa, representam competição para 37%
das empresas brasileiras. Entre
as grandes, a concorrência atinge 46% das companhias; entre
as médias, 44%; e entre as pequenas, 31%.
Diante da maior competição
com produtos vindos do exterior, 91% das empresas relataram à CNI terem adotado estratégias para competir melhor. Entre as grandes empresas, o número chega a 97%.
O levantamento também indica que as grandes empresas
buscaram a competição internacional -76% delas exportam
seus produtos. No total, 38%
das empresas brasileiras exportam, mas entre as pequenas são
apenas 22% e, entre as de médio porte, 50%.
"As exportações são muito
concentradas em empresas de
pequeno porte. Havia um movimento de pequenas e médias
participando mais, mas esse
movimento está ameaçado",
avaliou Flávio Castelo Branco,
gerente-executivo da CNI.
É possível verificar por que
as pequenas têm mais dificuldade de competir quando se
observam as estratégias necessárias para concorrer com produtos importados. Metade das
empresas opta por reduzir custos, enquanto 34% por reduzir
preços ou a margem de lucro.
Os indicadores disponíveis
hoje indicam que essa competição só tende a aumentar, seja
pela relativa estabilidade do
dólar seja pela necessidade de
abrir ainda mais a economia
brasileira como moeda de troca
para obter novos mercados para os produtos brasileiros em
outros países.
"O empresariado é um organismo vivo e precisa se ajustar a
um novo cenário de competição, senão morre. Para continuar com o mesmo nível de
produção, é preciso ajustar as
velas, adotar tecnologias, produzir nos moldes dos competidores estrangeiros", disse Paulo Mol, economista da CNI.
O impacto da valorização do
real afeta de forma diferente os
setores da economia, de acordo
com a pesquisa. Representantes dos segmentos têxtil, móveis, madeira, vestuário, couro,
minerais não-metálicos, borracha e máquinas foram os que
mais reclamaram da perda de
mercado no exterior.
Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério
do Desenvolvimento, Welber
Barral, o câmbio é apenas um
dos fatores que inibem a competitividade dos produtos brasileiros em outros países. Mas
pode também ajudar, no caso
da modernização de linhas de
produção, o que significa maior
competitividade.
Os técnicos da CNI ouviram
1.564 empresas industriais entre 26 de julho e 6 deste mês.
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